Carina Ninow, palhaça e artista de rua gaúcha, em entrevista ao Brasil de Fato, declarou que a família circense da artista venezuelana Julieta Ines Hernández Martinez, de 38 anos, conhecida como Miss Jujuba, está vivendo uma semana duríssima.

Julieta estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro do ano passado, e o Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na quinta-feira (4) na Delegacia Virtual do Amazonas (Devir), e encaminhado à 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, cidade onde aconteceu o crime, que iniciou as investigações.

O BO informava que o último contato da vítima com a família teria sido no dia 23 de dezembro, por volta de meia-noite e meia, quando ela teria dito que iria pernoitar em Presidente Figueiredo, e seguiria para Rorainópolis, em Roraima.

“Todos nós, amigos de Julieta, sabíamos dos perigos que as escolhas trazem. Ela também sabia. Mas ainda acreditamos na possibilidade da liberdade e da segurança. Nós, artistas e cicloativistas, temos a mania de acreditar que é possível”, afirma Carina.

De acordo com os amigos, Julieta havia decidido que faria o percurso de retorno à Venezuela. “Seu destino final dessa viagem era o colo da mãe, no país dela de origem, e estava tão pertinho. Elas desejavam tanto esse encontro”, disse Guadalupe Merki.

Julieta viajou pedalando desde o Rio de Janeiro, passando por cidades do Maranhão e Pará, até chegar ao Amazonas. Do estado, ela seguiria de bicicleta para Roraima, via BR-174. Presidente Figueiredo, município onde ela foi morta, é cortado pela rodovia.

“Julieta foi e sempre será um grande e belo exemplo de artista e pessoa. Gentil, amorosa, cuidadora e cuidadosa, corajosa. Ela acreditava nesta utopia da liberdade da estrada. E condizente com seus ideais, buscou viver este sonho.”

Desde o desfecho do caso, a artista comenta que tem escutado as pessoas muito surpresas ao saberem que ela era uma mulher e viajava sozinha.

Carina pondera e diz que o que deve surpreender é a banalidade do desejo de um furto, com o fato de um objeto ter mais valor que uma vida, como o fato de uma mulher não se sentir segura seja viajando solo, andando na rua, ou mesmo dentro de casa.

“Se nos chocávamos quando um vírus começou a matar quatro pessoas ao dia, por que não nos choca este dado? Porque não nos choca o costume de deixar de fazer coisas, pelo medo?”, questiona Carina.

Conforme avaliou Carina é preciso uma maior punição aos casos de feminicídio e mais atenção do Judiciário e polícia aos relatos de agressões contra mulheres.

“Precisamos alertar nossa sociedade que o errado não é uma mulher fazer seu caminho sozinha. O errado é este caminho ser interrompido. Isso é que não pode mais acontecer. E lembrar à toda mulher que se sente ameaçada”

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