Ângelo, após um acidente de motocicleta, questiona o valor da vida. Recuperado, ele reflete sobre o amor e a esperança. Mesmo com a recomendação de repouso, é surpreendido por uma festa com amigos, onde compartilha suas ideias sobre a importância da esperança, sendo aplaudido por todos.

Mais de três dias haviam se passado desde a celebração do Natal na casa de Joel, quando Ângelo teve a ideia de reunir os seus amigos mais próximos Natanael, Rafael, Joel, Maria e Angélica para celebrar o Réveillon na sua casa.

— “Ande, se apresse!”, disse Adriana pedindo para o esposo arrumar a casa para receber os amigos.

— “Você conhece os meus amigos, são pessoas simples!”, respondeu para a esposa Ângelo.

— “Se você vai receber os amigos aqui em casa para passar o Réveillon, então você precisa comprar algumas coisas, principalmente cloro para limpar a piscina”, insistiu Adriana.

— “Tá bom, eu estou indo!”, respondeu Ângelo ligando a motocicleta.

“A vida vale a pena?”

Ângelo teve essa ideia no dramático momento em que dava entrada numa ambulância para ser levado ao Hospital João Lúcio, em Manaus, após sofrer um acidente de motocicleta. Vinte e quatro horas depois, Ângelo recebeu alta do hospital.

— “Como está o meu marido, doutor?”, perguntou Adriana.

— “Agora o seu marido está ótimo”, respondeu o médico.

— “O senhor sabe o que aconteceu com ele?”, perguntou Adriana.

— “Eu sei que ele já pode ir para casa; vai receber alta”, disse o médico.

— “Muito obrigado doutor”, disse Adriana beijando a mão do médico.

Na porta de saída do hospital, disse Ângelo à esposa:

— “Você ouviu o que o médico disse, eu estou muito bem!”.

— “Sim, é verdade!”, respondeu Adriana.

— “E eu ainda posso convidar os meus amigos para passar o réveillon lá em casa?”, insistiu Ângelo.

— “Não, nada de festa, você vai precisar é de repouso!”, respondeu Adriana com voz sumida, muito diferente daquela do dia anterior.

— “Não fique assim, a culpa não é sua!”, disse Ângelo abraçando a esposa.

— “Eu pensei que você ia morrer!”, disse Adriana em prantos!

— “Você quer saber no que eu estava pensando na hora que entrei na ambulância?”.

— “Sim, amor, diga!”.

— “A vida vale a pena?”.

— “Ah, não?!”…

— “Sim, exatamente isso: para quê ou porque vivemos!”.

— “Eu pensei que você tinha pensado na gente, no nosso amor”.

— “É exatamente isso que eu estou querendo dizer”, voltou a falar Ângelo.

— “Como assim, amor? Explique-se melhor!”, insistiu Adriana.

— “Porque o amor é a cosia mais importante dessa vida. Quem tem um amor têm tudo!”, explicou Ângelo.

— “Vamos para casa amor, deixa de filosofar”, disse Adriana.

Quando chegaram a casa e Ângelo abriu a porta…

— “Surpresa”, gritaram!!!

— “Meu Deus, quanta gente!”, disse Ângelo.

— “Gente não, amigos!”, disse Joel.

— “Quando soubemos da notícia, ficamos em oração por você o tempo todo”, completou Rafael.

— “Sabíamos que ainda não tinha chegado à sua hora”, disse Angélica.

— “Sim, em Nome de Jesus!”, agradeceu Adriana.

— “Vocês são extraordinários!”, começou a falar Ângelo.

— “Se não quiser falar, não precisa! Você ouviu o que o doutor disse: esforço zero e repouso absoluto”, disse Adriana.

— “Independente do que aconteça, ou deixe de acontecer neste novo ano que se inicia, torço para que vocês nunca percam a esperança, pois é ela que nos desperta a capacidade de contemplar a beleza ao nosso redor. Enfim, beleza e esperança para todos nós nesse novo ano!”, disse Ângelo.

— “Ah, tem mais!”, insistiu Ângelo. Esperança, como afirmou Ferreira Gullar: “Como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena embora o pão seja caro e a liberdade pequena”.

Ângelo foi aplaudido efusivamente por todos.

— “Viva”, diziam.

— “Saúde para o Ângelo!”.

— “Feliz Ano Novo”.

— “Feliz 2025”.

A celebração inesperada na casa de Ângelo se transformou em um momento de profunda gratidão e renovação. O acidente e a reflexão sobre o valor da vida fortaleceram ainda mais os laços de amizade e amor ao seu redor. Entre abraços e votos de um novo ano repleto de esperança, Ângelo percebeu que, apesar dos desafios, a vida sempre vale a pena quando compartilhada com aqueles que verdadeiramente se importam. E assim, brindaram juntos a chegada de 2025, renovando a fé no futuro e na beleza de cada instante vivido.

Luís Lemos
É professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras, de “Amores que transformam”, Editora Escola Cidadã: Contagem-MG, 2024. Contato com autor Instagram:@luislemosescritor

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