
O suposto vazamento de questões do Enem 2025 voltou ao centro do debate nacional após o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) solicitar, nesta quarta-feira (19), providências imediatas da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF). Para o parlamentar, o episódio evidencia falhas graves na proteção do sigilo do exame e exige uma resposta firme do Estado para preservar a credibilidade da avaliação.
Segundo denúncias feitas por candidatos e amplamente difundidas nas redes sociais, itens muito semelhantes aos que apareceram no caderno oficial do Enem foram apresentados, dias antes da aplicação da prova, durante uma aula ao vivo de um curso preparatório online no último dia 11 de novembro. O conteúdo foi ministrado por um instrutor identificado como Edcley de Souza Teixeira.
Após a repercussão, o Ministério da Educação confirmou a anulação de três questões por “similaridade suficiente” com o material divulgado anteriormente e informou que já acionou a Polícia Federal para apurar a origem do vazamento.
Para Amom, a decisão não resolve o problema. Ele afirma que o caso compromete a confiança no processo seletivo.
“A lisura do Enem não pode ser tratada como detalhe técnico. Se houve violação de sigilo, isso abala a credibilidade de todo o sistema. O mínimo que o Estado deve aos candidatos é uma apuração completa, doa a quem doer.”
Pedidos à CGU e ao MPF
Nos ofícios encaminhados, o deputado pede que a CGU utilize todos os mecanismos de controle interno para investigar a cadeia de custódia dos itens do exame, identificar vulnerabilidades nos protocolos de segurança e ouvir servidores e gestores envolvidos na elaboração, revisão e armazenamento da prova.
Entre as solicitações estão:
- abertura de procedimento correcional ou investigativo;
- requisição formal de informações ao MEC e ao Inep sobre rotinas de segurança, pré-teste e logística;
- preservação de registros de acesso, logs, comunicações internas e contratos;
- auditoria sobre fluxos administrativos e operacionais ligados ao Enem;
- apuração de ilícitos penais como violação de sigilo, divulgação indevida e fraude em certame público.
O parlamentar também quer que o órgão informe, oficialmente, todas as medidas adotadas e o resultado das apurações.
Enem e igualdade de chances
Para Amom, o caso representa mais do que uma quebra de sigilo: trata-se de uma ameaça direta ao princípio da igualdade de condições entre os candidatos.
“Se alguns têm acesso prévio a questões, o jogo deixa de ser limpo. Isso afeta sobretudo os jovens mais pobres, que dependem do Enem para disputar espaço no ensino superior.”
O deputado ressalta que o exame é uma das principais políticas públicas da educação brasileira e que sua integridade depende de um regime de sigilo rigoroso, apoiado por controles internos robustos.
Amom afirma ainda que acompanhará de perto os desdobramentos e continuará cobrando transparência do governo federal até que os fatos sejam totalmente esclarecidos.










