
A crise no transporte escolar fluvial em Careiro Castanho deixou dezenas de crianças do distrito do Janauacá sem acesso às salas de aula. Diante da situação, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) protocolou representações no Ministério Público do Amazonas (MPAM) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), pedindo a apuração da paralisação dos serviços e dos atrasos nos repasses aos barqueiros.
Segundo o parlamentar, os problemas persistem mesmo com recursos federais já destinados ao setor. Em 2019, o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) repassou mais de R$ 1,1 milhão para atender 6.271 estudantes das redes municipal e estadual em áreas rurais. O valor deveria custear combustível, manutenção, seguros e serviços de embarcações.
“Não falta dinheiro. O Governo Federal já repassou recursos para garantir o transporte escolar. O que falta é gestão e prioridade. Enquanto sobram anúncios de obras que nunca saem do papel, as crianças ficam sem estudar. É um desperdício vergonhoso e criminoso”, afirmou Amom.
Pais e condutores denunciam abandono
Moradores das comunidades Nossa Senhora de Fátima II e Santa Maria relataram que os estudantes estão há meses sem aulas regulares porque os barqueiros, sem receber, não têm condições de abastecer os barcos.
“Desde fevereiro, quando começou o ano letivo, só recebemos dois meses até agora, em maio e julho. É impossível continuar sem gasolina. A gente quer trabalhar, mas não tem como”, contou Thaís Oliveira, mãe de aluno e condutora.
Os trabalhadores ainda afirmam que nunca receberam cópias dos contratos assinados com a Secretaria Municipal de Educação. Pagamentos só teriam sido feitos após denúncias chegarem à imprensa.
Para famílias ribeirinhas, a escolha tem sido dura: comprar comida ou bancar o combustível para que os filhos possam estudar. “Só queremos o direito dos nossos filhos voltarem a estudar, porque o futuro deles depende disso”, disse Zivanide Rodrigues, mãe de duas meninas de 5 e 8 anos.
Estrutura precária
Além da falta de transporte, a situação das escolas preocupa. As unidades funcionam em prédios de madeira com pisos quebrados, janelas sem segurança e banheiros deteriorados. Em alguns locais, caixas d’água desabaram e a rede elétrica apresenta riscos. Professores, sem estrutura, recorrem a aulas ao ar livre.
“O menino chega no 2º ano e não aprendeu a dividir, fala ‘osxitona’ porque não aprendeu a falar o xis. Isso é um absurdo!”, protestou o agricultor Manoel Tiburcio, cobrando soluções da prefeitura.
Promessas que não saem do papel
Moradores relatam que anúncios sobre a construção de uma nova escola se repetem há anos, mas nenhuma obra foi iniciada. Segundo eles, até pais que reclamam em grupos da escola têm sido bloqueados por representantes da gestão municipal.
Fiscalização ampliada
Amom Mandel afirma que o caso de Careiro Castanho representa apenas parte de uma realidade preocupante no interior do Amazonas.
“Esse caso em Careiro é só a ponta do iceberg. Nosso mandato vai ampliar a fiscalização em todo o estado, levar cada denúncia aos órgãos de controle e cobrar medidas concretas. O futuro das nossas crianças não pode depender de promessas vazias”, declarou o parlamentar.










