Folha de S.Paulo – A abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro racha o eleitorado brasileiro, mas o presidente ainda está em posição mais confortável do que a de seus dois antecessores impedidos desde a redemocratização de 1985.

É o que se depreende da análise de outros momentos de crise política nos quais o Datafolha perguntou à população se era conveniente o movimento por parte da Câmara dos Deputados.

Relativizando essa leitura há um fato: a intenção contrária a Bolsonaro é alta, 45%, e ele tem um 1 ano e 4 meses no cargo. Outros 48%, um empate na margem de erro de três pontos, são contra a abertura do processo. Os dados foram divulgados na segunda (27).

 
Opinião sobre Câmara aprovar o afastamento do presidente Fernando Collor
Cerca de 20 dias antes da abertura do processo de impeachment, em %

Fonte: Pesquisa Datafolha realizada em 3 e 4 de setembro de 1992

A tensão chegou ao paroxismo com a saída de Sergio Moro do governo, com o ministro da Justiça acusando o ex-chefe de querer interferir na Polícia Federal —algo confirmado por Bolsonaro ao insistir no nome de Alexandre Ramagem, próximo à sua família, para a direção do órgão.

O presidente, contudo, mantém um patamar alto de apoio popular no cômputo geral, 33% de ótimo e bom.

O primeiro presidente eleito diretamente depois da ditadura de 1964, o hoje senador Fernando Collor de Mello (então no partido sob medida PRN), foi afastado sob acusação de corrupção em setembro de 1992 —viria a renunciar três meses depois para tentar evitar a perda de direitos políticos, sem sucesso.

Ele passou os dois primeiros anos do mandato, 1990 e 1991, decaindo devido ao caos econômico e à perda de sustentação no Congresso. Fritou na cadeira, de fato, em 1992, quando foi acusado pelo irmão Pedro de envolvimento em um grande esquema de corrupção e acabou alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e o subsequente impeachment.

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