Entenda
- PF pretende concluir caso da “Abin paralela” ainda em abril.
- Investigadores afirmam que aplicativo encontrado no celular de assessora não é a base da investigação que está em fase final.
- Alexandre Ramagem deve ser indiciado, conforme provas já coletadas.
Em depoimento prestado na Superintendência da PF na última sexta-feira (4/4), a assessora negou todas as informações levantadas ao longo do inquérito. Questionada sobre o aplicativo de espionagem encontrado no aparelho, alegou que o utilizava para monitorar o filho, que é menor de 18 anos.
A informação foi divulgada inicialmente pelo SBT News e confirmada pelo Metrópoles — a informação não constitui a base da investigação, afirmam os investigadores.
Carlos Bolsonaro reagiu nas redes sociais, afirmando que a PF investiga “uma mãe [que] adotou medidas para proteger o filho menor de idade”. Ele também criticou a condução do inquérito.
As investigações estão em fase final, e a PF pretende concluir o relatório ainda em abril. A corporação já reuniu elementos suficientes para pedir o indiciamento do ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Depoimento
Carlos também foi ouvido pela PF na última sexta-feira. Os investigadores concentraram as perguntas na atuação de Ramagem à frente da Abin. O vereador afirmou não manter relação próxima com o ex-diretor e disse tê-lo conhecido apenas em 2018, quando Ramagem assumiu a coordenação da segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial, após o atentado sofrido em Juiz de Fora (MG).
Ele negou ter solicitado, direta ou indiretamente, qualquer informação obtida de forma ilegal por meio da “Abin paralela”. O grupo investigado teria utilizado o software israelense FirstMile para realizar o monitoramento clandestino de celulares.
Operação
Carlos Bolsonaro foi alvo da PF em janeiro do ano passado. As investigações apontam que o vereador teria encomendado pesquisas e sugerido alvos para serem monitorados pelo software espião, que rastreava a localização de pessoas. Segundo a apuração, rivais políticos, jornalistas e autoridades teriam sido monitorados de forma irregular, conforme o interesse do grupo.
À época, as buscas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Estão entre os nomes supostamente espionados os ministros do STF Gilmar Mendes e o próprio Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ex-governador do Ceará Camilo Santana, atual ministro da Educação.
Uma das evidências encontradas pela PF é uma troca de mensagens entre a assessora de Carlos e uma auxiliar de Ramagem, à época diretor da Abin. No diálogo, a assessora teria solicitado informações sobre dois inquéritos que envolviam Bolsonaro e seus filhos.
Dias antes do depoimento, Ramagem foi alvo de operação da PF por suspeita de comandar o esquema de espionagem ilegal durante a gestão na Abin, entre 2019 e 2022. Com informações de Metrópoles.