Presidente Lula em encontro os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre (Foto: Divulgação/Presidência da República)

Após sofrer um revés político no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou articulações para reconstruir o diálogo com os presidentes das Casas Legislativas. A derrota imposta ao Palácio do Planalto na quarta-feira (25), com a derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), expôs a fragilidade da base governista e acendeu o alerta dentro do Executivo.

De acordo com informações divulgadas pela coluna do jornalista Valdo Cruz, do g1, Lula pretende telefonar primeiro ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e, em seguida, ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A ideia é reconstruir pontes políticas e conter o desgaste provocado pela votação.

Além do movimento político, o governo avalia judicializar a questão no Supremo Tribunal Federal (STF). A equipe jurídica do Planalto sustenta que o decreto sobre o IOF não extrapolou as prerrogativas do Executivo e que sua anulação pelo Congresso pode ser considerada inconstitucional.

Na quarta-feira, dia da derrota, Lula optou por não acionar os presidentes das Casas antes da votação. Segundo aliados, havia a avaliação de que o resultado era inevitável e de que uma intervenção de última hora seria inócua. Agora, a estratégia é iniciar a reaproximação pelo Senado, dada a atuação relevante de Alcolumbre em articulações políticas, para depois buscar interlocução com Hugo Motta, responsável por conduzir a votação na Câmara.

Mesmo com essa iniciativa, aliados consideram que Lula precisa assumir uma postura mais ativa na condução política. O placar expressivo na Câmara dos Deputados, com 383 votos contrários ao decreto, superou os 346 votos que já haviam sido registrados na etapa de votação da urgência, o que evidenciou o esvaziamento da base aliada.

No Senado, a votação foi simbólica, sem o registro nominal de votos. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, chegou a sugerir a verificação de quórum, mas a proposta foi descartada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que avaliou que uma votação nominal poderia ampliar o desgaste.

Nos bastidores, Alcolumbre estimou que, se houvesse votação nominal, o placar teria sido de 65 votos contra o decreto e apenas 15 a favor. Após a sessão, Wagner tentou amenizar os impactos da derrota ao lado de Alcolumbre, afirmando: “A vida não acaba hoje, a vida segue, o governo seguirá depois de hoje”.

Ainda segundo a reportagem, embora disposto a dialogar, Alcolumbre expressou sua insatisfação com a condução do governo. Para ele, o decreto “começou ruim e terminou pior”, e o Planalto falhou ao não captar, desde o início do mandato, o recado claro do Congresso: propostas de aumento de impostos não seriam bem recebidas.

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