Do confronto ao pedido de desculpas: vereador Hygor Magalhães (DC) tenta reparar o episódio em que mandou o jornalista Melk Santos sair do plenário da Câmara de Itacoatiara

Depois da polêmica que tomou conta da política de Itacoatiara, o vereador Hygor Magalhães (DC) voltou à tribuna, nesta segunda-feira (20), para pedir desculpas pelo episódio em que expulsou o jornalista Melk Santos, do Portal Online Multimídia, do plenário da Câmara Municipal.

O incidente, ocorrido no último dia 14 de outubro, aconteceu durante a votação do arquivamento do pedido de cassação do vereador Ney Nobre (MDB), condenado a mais de 10 anos de prisão em regime fechado. Na ocasião, Hygor interrompeu o repórter e ordenou que ele deixasse o plenário, ameaçando inclusive usar algemas:

“Eu peço que você se retire, senão será algemado”, disse o parlamentar à época.

“Peço desculpas por um momento isolado”

No discurso desta segunda-feira, Hygor tentou minimizar o episódio e declarou ter sido “mal interpretado”.

“Eu quero pedir desculpa aos portais que se sentirem ofendidos. Não foi a minha intenção. Esta Casa é a Casa do Povo, mas também precisa de ordem. […] Eu fui mal interpretado. Então, peço desculpa a todos por um momento isolado e espero que isso não volte a se repetir”, disse o vereador.

O parlamentar ainda afirmou ter “respeito pela liberdade de imprensa” e reconheceu o papel dos veículos de comunicação.

“Tenho total respeito pela liberdade de imprensa e reconheço o papel fundamental que os portais desempenham na construção de uma sociedade bem informada. Transparência e respeito sempre serão valores que levo comigo”, escreveu em publicação nas redes sociais.

Entenda o caso

Durante a sessão do dia 14, Hygor Magalhães usou a tribuna para criticar veículos de comunicação, afirmando que “qualquer um abre um portal e dá como verdade” e pedindo que a população “não acredite em tudo que se lê em sites e transmissões ao vivo”.

O jornalista Melk Santos reagiu às declarações, pedindo a palavra, mas foi interrompido e expulso do plenário pelo vereador. O profissional foi escoltado por seguranças até a saída e a Polícia Militar foi acionada para conter o clima de tensão.

Em vídeo nas redes sociais, Melk afirmou ter se manifestado “em defesa da liberdade de imprensa”:

“Quando ele citou os portais, pedi a palavra. O presidente disse: ou você fica calado ou sai da Câmara. Eu respondi que quem manda é o povo, não os vereadores”, relatou o repórter.

Repercussão e repúdio

O comportamento do vereador gerou forte repercussão em Itacoatiara, sendo repudiado por colegas parlamentares e profissionais da imprensa local.

O vereador Daniel Mendonça (MDB) lamentou o ocorrido e ressaltou o papel essencial do jornalismo na fiscalização do poder público.

Em nota conjunta, portais de comunicação da cidade classificaram o ato como “tentativa de intimidação” e violação à liberdade de imprensa, garantida pela Constituição Federal.

“Os profissionais de comunicação têm o direito e o dever de acompanhar as ações dos poderes públicos. Atitudes como a ocorrida ferem os princípios democráticos e não podem ser naturalizadas”, diz o documento.

Artigo anterior“CEO do Jeep” alega compromisso paterno e volta a pedir domiciliar
Próximo artigoConselho investiga médico por óbito falso de ex-auditor da “máfia do ISS”