O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender, nesta quarta-feira (17/8), a “liberdade do médico” para prescrever o “kit Covid” – medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente contra a Covid-19.
Apesar de não ter citado nomes de remédios do chamado “tratamento precoce”, o titular do Palácio do Planalto disse que “muitas vidas poderiam ter sido evitadas no Brasil” se os profissionais da saúde tivessem liberdade para receitar remédios como cloroquina, por exemplo.
“Eu lamento e muito uma pressão enorme em cima dos médicos contra a sua liberdade. […] Pode ter certeza de uma coisa: notícias já começam a aparecer e brevemente nós saberemos que muitas vidas poderiam ter sido evitadas no Brasil se os médicos tivessem realmente a plenitude, a sua garantia de clinicar”, afirmou Bolsonaro.
A declaração do presidente ocorre momentos após a Polícia Federal (PF) ter afirmado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o mandatário da República cometeu incitação ao crime ao associar a vacina contra a Covid-19 ao risco de desenvolver Aids.
A associação feita por Bolsonaro é falsa e ocorreu durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Tanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto outras autoridades de saúde já desmentiram a relação feita pelo presidente e ressaltaram que as vacinas não causam qualquer tipo de doença.
Para a PF, o presidente “disseminou, de forma livre, voluntária e consciente, informações que não correspondiam ao texto original de sua fonte, provocando potencialmente alarme de perigo inexistente aos espectadores”.
A delegada da Polícia Federal Lorena Lima Nascimento, responsável pelo caso, ainda pediu para que o Supremo autorize a tomada de depoimento de Bolsonaro no inquérito que o investiga por disseminação de notícias falsas e desinformação sobre o uso de máscaras e a vacinação contra a Covid-19.