O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), voltou a comentar publicamente, nesta quinta-feira (13), as investigações criminais abertas contra ele no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). São sete procedimentos autorizados pelos desembargadores, envolvendo desde viagens ao Caribe até suspeitas de pagamentos a familiares por empresas contratadas pela Prefeitura.

Durante uma live transmitida nas redes sociais — acompanhada apenas por um pequeno grupo de jornalistas —, Almeida afirmou que as denúncias que chegaram ao tribunal “não dizem respeito à gestão”, mas à sua vida pessoal, e assegurou que nada do que está sendo apurado envolve uso indevido de recursos públicos por parte dele.

Prefeito rebate suspeitas sobre viagens ao Caribe

Entre os pontos mais comentados, o prefeito voltou a falar das viagens feitas no Carnaval de 2024 e 2025. Segundo Almeida, as despesas foram pagas com dinheiro próprio e já haviam sido analisadas e arquivadas pelo Ministério Público antes de serem retomadas por ordem do Conselho Superior.

“Foram duas viagens com recursos próprios. Estava em recesso, com minhas economias. Já apresentei comprovantes”, declarou.

Ele negou qualquer vínculo entre as viagens e empresários que mantêm contratos com a Prefeitura.

Suspeitas envolvendo a sogra

Outro ponto investigado pelo TJAM é o suposto pagamento de R$ 20 mil mensais à sogra do prefeito, Lidiane Oliveira Fontenelle, por uma empresa contratada pelo município. O prefeito afirmou ainda que a situação tem causado desgaste à sua sogra, que acabou envolvida nas suspeitas por trabalhar em uma empresa contratada pela Prefeitura. Segundo ele, o vínculo profissional dela ocorreu antes mesmo de ele conhecer sua atual esposa.

“Minha sogra acabou sofrendo muito com isso. Ela trabalhou por cerca de 10 ou 12 meses em uma empresa que prestava serviços ao município, e naquela época eu sequer conhecia a filha dela. Quando começamos a namorar, já depois disso, descobrimos a coincidência. E, desde então, ela segue pagando o preço simplesmente por ser mãe da minha esposa”, declarou.

David Almeida também criticou a forma como o caso foi divulgado, afirmando que houve uma tentativa clara de ampliar as suspeitas.

“Publicaram matérias tentando incriminar todo mundo. Mas ela já não faz parte dessa empresa há três anos”, afirmou.

O prefeito disse ainda que houve violação de informações sigilosas de Lidiane Oliveira Fontenelle, o que, segundo ele, reforça o caráter político das acusações.

“Por ela ser minha sogra, chegaram ao ponto de quebrar o sigilo fiscal dela por causa de notas fiscais emitidas como prestadora de serviços. Ela cuidava do RH da empresa, e transformaram isso em um grande ‘salseiro’. Ela deixou o cargo e hoje trabalha na iniciativa privada. Esses são os fatos”, finalizou.

Críticas a adversários e ao tempo de tramitação

David Almeida também rebateu questionamentos sobre o ritmo das apurações no Tribunal de Justiça, que passaram por cinco relatorias diferentes nos últimos 13 meses — situação considerada incomum por juristas. Segundo o prefeito, o que hoje tramita no TJAM é resultado de denúncias antigas que foram arquivadas e voltaram à pauta.

“São matérias requentadas. Quem come comida fria tem indigestão”, afirmou, em tom crítico.

Ele reforçou que está tranquilo quanto ao conteúdo das investigações:

“Não existe ilegalidade em viajar no recesso com recursos próprios.”

“Minha gestão não é questionada”, diz David Almeida

Durante a transmissão, o prefeito afirmou que as denúncias têm como alvo sua imagem pessoal e não sua administração, alegando que não há questionamentos sobre contratos públicos ou áreas sensíveis da gestão municipal.

“Não sou questionado por licitação, por merenda, por saúde. Atacam minha vida pessoal. Até meu tênis”, declarou.

O que está sendo investigado

As investigações autorizadas pelo TJAM incluem:

  1. Viagens ao Caribe – suspeita de custeio por empresários contratados pela Prefeitura.
  2. Pagamento à sogra – R$ 20 mil mensais recebidos de empresa terceirizada.
  3. Peculato – possível uso indevido de recursos públicos.
  4. Corrupção passiva – eventual favorecimento a empresários.
  5. Fraude em licitação – suspeitas em processos de contratação.
  6. Contratos envolvendo outros familiares – relação com fornecedores municipais.
  7. Outras suspeitas administrativas – uma das investigações já teria sido arquivada.

As apurações estão sob relatoria da desembargadora Vânia Marques Marinho, após cinco recusas de magistrados por foro íntimo — o que chamou atenção de especialistas consultados por veículos de imprensa.

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