Aproximadamente 500 agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias, que atuam na linha de frente no combate à COVID-19, receberam capacitação profissional com o Projeto Amazônia: Ciência e Solidariedade no Enfrentamento à Covid-19.

A iniciativa é desenvolvida pela Fiocruz Amazônia/Fiotec, em parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), NPI EXPAND e SITAWI Finanças para o Bem. Os participantes da capacitação são das cidades de Porto Velho, Rolim de Moura, Guajará Mirim, Costa Marques, Campo Novo de Rondônia, São Miguel do Guaporé e São Francisco do Guaporé, no Estado de Rondônia.

A ação, realizada entre os últimos meses de outubro e novembro, ocorreu num momento de aumento de casos em 20 estados brasileiros, com a descoberta de novas linhagens do vírus responsáveis pela elevação de registros da doença, faz parte do cronograma de atividades iniciado em junho pela Frente 1, do Projeto USAID/NPI EXPAND, responsável pela capacitação presencial de 1.434profissionais da Atenção Primária à Saúde em ações de enfrentamento à COVID-19,nos estados do Amazonas e Rondônia.

Em Rondônia, a equipe de facilitadores percorreu quase 4 mil quilômetros de rodovias no Estado ao longo de um mês de atividades, realizando o curso de atualização intitulado “Agravos Imunopreveníveis De Interesse em Saúde Pública na Amazônia”.

“Estamos finalizando essa fase do projeto no estado de Rondônia e deixando aproximadamente 500 profissionais habilitados a realizar a coleta de teste rápido de antígeno para COVID-19, aptos, inclusive, a atuarem no caso de uma necessidade de coleta em massa. Com essas ações de interiorização, desenvolvidas pela Fiocruz Amazônia, com financiamento do governo norte-americano, por meio da USAID, tem potencializado a capacidade dos municípios para essas testagens, além de instruir os agentes sobre a importância do acompanhamento do calendário de imunização do público atendido por eles, visando a melhoria da cobertura vacinal, tendo em vista a queda significativa registrada nos últimos anos, em relação a outros agravos como a poliomielite, sarampo, entre outros”, explica o cientista social, Sully Sampaio, coordenador de campo da Fiocruz Amazônia.

Os treinamentos receberam o apoio da Fiocruz Rondônia, do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems-RO)e das prefeituras dos municípios envolvidos. “Estabelecemos parceria com os conselhos de secretários municipais de Saúde, tanto em Rondônia quanto no Amazonas, para que pudéssemos atingir um maior número possível de cidades e agentes”, afirma Sampaio.

Além de treinar os agentes de saúde, o projeto fez a doação de testes rápidos de antígeno para COVID-19, equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras de proteção respiratória KN95,aventais e protetores faciais, além de aparelhos de oxímetro doados a cada agente de saúde participante.

“Eles aprendem a importância dos EPIs e passam a ter noções de biossegurança, como parte do treinamento, onde aprendem a fazer a coleta do teste rápido sem ficar exposto ao risco de infecção, e a como utilizar os oxímetros para acompanhar a situação dessaturação de oxigênio dos pacientes”, complementa.

O diretor da Fiocruz Rondônia, Jansen Fernandes Medeiros, afirma que o trabalho, desenvolvido em parceria com a Fiocruz Amazônia, mostra a importância das atividades em rede. “Não poderemos responder às questões sanitárias que enfrentamos hoje em dia se não buscarmos executar os nossos projetos em parceria, principalmente numa região com desafios diários que se colocam ao pesquisador, às equipes que atuam na vigilância e prevenção, entre outros segmentos”, avalia. O diretor destaca que, com o projeto, foi possível levar informações atualizadas e atuar na formação de centenas de trabalhadores que estão na linha de frente contra a COVID-19, “além de mostrarmos à sociedade o potencial da Fiocruz, em termos de capacitação de recursos humanos, para muito além das atividades que ficam restritas aos laboratórios”, observou.

APRENDIZADO NA PRÁTICA

Para a agente comunitária de saúde de Porto Velho, Andrea Batista Viana, 46, desta vez “o aprender sobre COVID-19 foi algo concreto”. Formada em Administração, a ACS conta que sentiu na pele o impacto da COVID-19 sobre a saúde mental dela e das famílias atendidas em sua microárea. “A COVID-19 teve um impacto sobre a minha saúde, tive picos de ansiedade e precisei ser afastada do trabalho na linha de frente”, relembra Andréa, que trabalha como ACS desde 2015.

Com a explosão de casos, ela conta que precisou se reinventar. “Busquei alternativas e procurei ajudar os demais servidores que continuavam na linha de frente. Produzi máscaras, capotes, turbantes, fiz a compra e distribuição de medicamentos para doação, era uma forma de ajudar as pessoas a se protegerem”, revela.

A agente comenta que, das capacitações oferecidas pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho, essa, em parceria com a Fiocruz Amazônia/Fiotec e USAID, foi a que mais beneficiou diretamente o seu dia a dia profissional.

“Nossa microárea necessita de conhecimento sobre a COVID-19. Atualmente, nossos pacientes querem ser ouvidos e muitos desenvolveram transtornos como síndrome do pânico, crise de ansiedade,em função do quadro que se instalou com os riscos de novos surtos. Tudo que aprendemos aqui vai nos servir bastante. Era o que estávamos precisando para a nossa microárea, que está doente. Essa capacitação está servindo para desmistificar teste rápido e oximetria, que eram conhecimentos que não tínhamos. Agora não me sinto mais incapacitada. Essa oportunidade está abrindo nossos olhos e nossos ouvidos, principalmente para o perigo das fakenews”.

Outra contribuição importante da capacitação são os conhecimentos repassados sobre atualização de esquema vacinal. “Todos sabemos que apenas com o calendário vacinal completo e seguido à risco é possível diminuir o impacto da covid 19 e tantos outros agravos”, afirma Sully. A secretária executiva do Cosems Rondônia, Cristina Mabel do Nascimento, concorda e destaca a importância da continuidade das atividades, a partir dessa parceria.

“Temos 52 municípios no Estado de Rondônia e essa parceria é muito interessante, uma vez que sabemos que essa região é um pouco esquecida em relação às demais regiões do Brasil.Sendo assim, capacitação nunca é demais. Estamos sentindo a empolgação dos profissionais envolvidos, principalmente dos ACSs que tem uma demanda muito grande e uma enorme responsabilidade e quanto mais capacitarmos melhor será o atendimento deles junto á população”, observou.

Atuando na área da Saúde há 20 anos, Mabel afirma ser de fundamental importância a continuidade dessas ações de capacitação pela Fiocruz, colocando-se à disposição do projeto USAID/NPI EXPAND para ampliar futuramente as ações para outros municípios. A Fiocruz é referência na área da Saúde no Brasil, em pesquisa, ensino e capacitações. E estamos à disposição do projeto para futuramente ampliarmos os treinamentos para outros municípios, quem sabe até em outras temáticas não sóem relação ao COVID-19”, acrescentou.

Artigo anteriorMuseu Amazônico expões acervo em Pernambuco
Próximo artigoJustiça do Trabalho da 11ª Região doa material de informática para órgãos e instituições do Amazonas