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Em meio a um cenário de alta nos preços dos alimentos, o arroz e o feijão, que formam a clássica combinação presente na mesa de muitos brasileiros, seguem na contramão da inflação e se mantêm acessíveis nas gôndolas dos supermercados (veja dados mais abaixo).
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um incremento de 11,4% na produção de arroz na safra 2024/2025, estimada em 11,79 milhões de toneladas. Importante dupla do arroz no prato dos brasileiros e ingrediente fundamental da feijoada, o feijão terá a produção com registro de crescimento de 4,9%, com 3,4 milhões de toneladas. É a segunda maior safra dos últimos 15 anos, perdendo apenas para a temporada 2013/2014.
Com grandes ofertas, é esperada redução nos preços, o que pode impulsionar o consumo e reforçar o papel do arroz e do feijão como protagonistas da alimentação brasileira, não apenas no varejo, mas também na indústria e no food service.
Entenda o debate em torno dos preços dos alimentos
- Enquanto a inflação acumulou alta de 4,83% em 2024, o grupo Alimentação e Bebidas, isolado, subiu 7,69% em 12 meses. Esse grupo contribuiu com 1,63 ponto percentual para a inflação do ano passado.
- Custos da alimentação (seja ela dentro ou fora do lar) pesam especialmente sobre os mais pobres, que têm seu poder de compra reduzido.
- O Palácio do Planalto descartou o tabelamento de preços para forçar a queda nos valores dos alimentos.
- O governo aposta na queda do dólar, que caiu em torno de 10% nos últimos 60 dias, e na safra agrícola de 2025, que deverá registrar recorde.
Indicador da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que mede os preços nas gôndolas mostrou que, em janeiro, entre os produtos básicos, houve queda nos preços do leite longa vida (-1,53%), do feijão (-1,35%), do óleo de soja (-0,87%) e do arroz (-0,54%). Já os principais aumentos no primeiro mês do ano foram observados no café torrado e moído (+8,56%) e no açúcar refinado (+1,78%).
Na cesta de proteína animal, as maiores altas foram registradas no frango congelado (+2,51%), carne bovina – corte do traseiro (+1,74%) e ovos (+0,89%). Em contrapartida, o pernil (-0,95%) e a carne bovina – corte dianteiro (-1,45%) apresentaram recuo.
No ano passado, produtores de arroz nacionais entraram em desgaste com o governo federal em razão do anúncio de um leilão para importar o grão, que acabou não ocorrendo. A importação foi cogitada porque a produção local foi prejudicada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção no país.
Segundo o mais recente relatório semanal da Conab, o mercado já sente os efeitos da colheita da nova safra de arroz, que, com o auxílio do clima favorável, reforça a previsão de uma oferta mais robusta, pressionando as cotações. Para a safra 2024/2025, a projeção de aumento da oferta interna deverá resultar em uma recuperação dos estoques de passagem e em uma balança comercial positiva.
No caso do feijão carioca, a Conab disse que a tendência é de manutenção dos atuais preços praticados no mercado, uma vez que os valores já atingiram o mínimo. A demanda do feijão preto, por sua vez, deve continuar fraca até o final deste mês de fevereiro, com a oferta superando os interesses de compras. No entanto, os preços estão se mantendo, na expectativa do mercado externo.
Uma das principais fontes de carboidratos, que fornecem energia ao organismo, o arroz é o terceiro alimento mais cultivado do mundo, atrás apenas do trigo e do milho. O Brasil é um dos maiores países produtores de arroz do mundo.
“O feijão é mais do que um alimento básico. Ele é uma fonte acessível de proteína vegetal de qualidade. A queda nos preços favorece o acesso a um alimento nutritivo e fundamental para a dieta dos brasileiros”, defendeu Mauro Bortolanza, diretor-presidente da Kicaldo e presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Feijão (Abifeijão).
Além do aspectos nutricionais, o feijão tem um impacto direto na economia e no agronegócio. O Brasil é o terceiro maior produtor do grão, com 10% do total mundial.
Com informações de Metrópoles.