O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), preocupado com a intranqüilidade provocada pelas manobras do governador interino David Almeida (PSD) que anda de acordo com o tucano espalhando aos quatro ventos e usa levianamente o nome de Ricardo Lewandowski afirmando que na volta dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal o ministro tornaria a suspender as eleições diretas para governador, marcadas para o dia 6 de agosto (primeiro turno).

Arthur publicou ontem (30) à noite em sua página no Facebook uma carta enviada ao ministro Ricardo Lewandowski, onde alerta o uso indevido do nome do magistrado por David Almeida.

O tucano diz na carta ainda pessoas próximas ao interino (David) que o esquema para barrar as eleitas diretas “envolvem um certo dr. Gustavo, advogado da causa inglória de trocar o voto popular pela opinião de 24 deputados”.

O prefeito diz ao ministro que a justiça eleitoral já despendeu vultosos recursos para fazer face à complicada logística. “Os candidatos pararam suas vidas, fizeram gastos, contrataram profissionais e serviços vários. O povo entenderia como afronta impedi-lo de escolher”.

“O Amazonas vive o caos que lhe legou a prática organizada da corrupção. E o governador tampão apenas tem contribuído para agravar esse quadro lamentável”, diz Arthur Neto na carta, afirmando que David Almeida tem desperdiçado seus dias “batendo perna em caríssimos escritórios de advocacia de Brasília. Seus dias são perdidos, inclusive, quando difama um ministro do STF, que sempre respeitei e estimei, apregoando que “está tudo certo para o dia 3 e o cancelamento das eleições diretas”, acrescenta o prefeito.

Veja Carta na integra

“Prezado ministro Ricardo Lewandowski,

O deputado David Almeida, presidente da Assembleia Legislativa e governador tampão, usa levianamente o seu nome, “antecipando” aos quatro ventos que, no dia 3 próximo, o senhor tornaria a suspender as eleições diretas para governador, marcadas para o dia 6 deste mês. Círculos próximos ao interino envolvem um certo dr. Gustavo, advogado da causa inglória de trocar o voto popular pela opinião de 24 deputados. Estamos às portas de uma eleição. A justiça eleitoral já despendeu vultosos recursos para fazer face à complicada logística do meu Estado. Os candidatos pararam suas vidas, fizeram gastos, contrataram profissionais e serviços vários. O povo entenderia como afronta impedi-lo de escolher. A Assembleia é obviamente necessária à democracia… porém, mais obviamente ainda, sua legitimidade não é maior que a do poder original e primeiro, que está no título de eleitor e na urna. A democracia tem permitido que venham à luz as aberrações que temos presenciado. A ditadura escondia, pela força, os crimes e as negociatas que se praticavam contra a nação. Logo, voto popular, sim; “colégio eleitoral, não”.

O Amazonas vive o caos que lhe legou a prática organizada da corrupção. E o governador tampão apenas tem contribuído para agravar esse quadro lamentável. Vive a fixação de se manter no poder a qualquer preço, esquecendo-se de que o destino lhe reservara a missão nobre de dar início ao processo de normalização de um estado que sangra dolorosamente. Seus dias são desperdiçados batendo perna em caríssimos escritórios de advocacia de Brasília. Seus dias são perdidos, inclusive, quando difama um ministro do STF, que sempre respeitei e estimei, apregoando que “está tudo certo para o dia 3 e o cancelamento das eleições diretas”.

Escrevo-lhe, caro ministro, convicto de que agi acertadamente ao recebê-lo em meu gabinete de senador e em articular votos que o guindaram à mais elevada corte deste país. Não aceito vê-lo arrastado, tenho certeza de que inocentemente!, à convivência promíscua com negocistas da baixa política, seja diretamente, seja por meio de intermediações de cor cinza. Conte com minha solidariedade nesse campo, porque, repito!, jamais poderia acreditar na boataria, certamente sem crédito, espalhada por figuras despidas de qualquer eiva de credibilidade.

Tentei falar-lhe ao telefone inúmeras vezes, assim como lhe deixei mensagens via SMS e WhatsApp. Como não obtive retorno, recorri a este meio para lhe passar o clima de angústia e incerteza que aflige os brasileiros que dedicam suas vidas ao Amazonas.

Muito cordialmente,

Arthur Virgílio Neto

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