Allícia Castro

As drag queens Carmencita, Little Drag, Chica, Angel, Vênus, Lady Sinty e Sebastiane sobem, pela primeira vez, ao palco do Teatro Amazonas, no centro histórico de Manaus, no dia 16 de março, para apresentar “Sebastião”, espetáculo do Ateliê 23 com destaque em festivais internacionais de teatro pelo Brasil. A sessão única inicia às 18h e a classificação indicativa é de 18 anos.

Os ingressos estão disponíveis por R$ 80 (plateia e lugar nas frisas), R$ 60 (1º pavimento), R$ 50 (2º pavimento), R$ 40 (terceiro pavimento), no perfil da companhia no Instagram (@atelie23), no site shopingressos.com.br e nas Óticas Diniz. Pessoas com deficiência têm acesso gratuito e estudantes, idosos e acompanhantes de PcDs pagam meia-entrada, conforme lei estadual. Os assentos de frisas e camarotes são por ordem de chegada.

“Será um dia inesquecível e belíssimo com as nossas drag queens tomando conta do maior palco de nossa cidade”, afirma Taciano Soares, que divide a direção do espetáculo com Eric Lima.

Segundo o diretor, esse passo de entrar no Teatro Amazonas, com corpos que historicamente nunca estiveram lá, pessoas que estão falando sobre identidades gays e de resistência na ditadura militar é muito simbólico.

“É importante dizer que faz pouquíssimos anos que temos manifestações de matrizes africanas, de pessoas indígenas, ocupando e protagonizando espetáculos no nosso maior palco e, agora, estamos chegando com drag queens, com uma companhia da cidade, para contar uma história da nossa cidade”, comenta Taciano Soares, que, em cena, interpreta Carmencita.

“A expectativa é que a plateia possa aderir, estar presente, lotar aquele lugar e celebrar junto conosco a liberdade que temos. ‘Sebastião’ é uma resposta ao movimento de resistência de Bosco Fonseca, autor do livro que inspirou o espetáculo, e tantos outros que habitaram e fizeram existir o Bar Patrícia, para que hoje pudéssemos usufruir dessa liberdade, desse movimento LGBTQIAPN+, que é imenso”, completa o artista.

Novo single

A apresentação de “Sebastião” no Teatro Amazonas conta com o lançamento do single “Toda La Noche” nas plataformas digitais. É a terceira música da trilha sonora em streamings de áudio, que já tem “Baby Gay” e “Sou Todo Amor”.

Com “Baby Gay”, foram registradas 3.405 reproduções, 790 ouvintes e 44 playlists, chegou a 1.777 reproduções na primeira semana.

“Queremos levar drag queens montadas para a plateia do Teatro Amazonas, para tornar mais um dia no Bar Patrícia ainda mais potente. Poder levar esse público para o Teatro Amazonas, que tem todo prestígio e respeito, traz luz para as histórias dessas pessoas, assim como a nossa também”, destaca Eric Lima, intérprete de Little Drag.

“A ocasião também vai ser a primeira vez que alguns atores do elenco vão se apresentar no Teatro Amazonas, esse lugar que enquanto artista manauara sempre esperamos. Às vezes parece comum, mas existe esse brilho diferente quando nos apresentamos lá”, pontua o diretor, que assina as composições da trilha sonora. “Vai ser muito especial”.

Enredo

No elenco, além de Taciano Soares e Eric Lima, estão Francis Madson, Andiy, Elias Difreitas, Jorge Sabóia e José Holanda. Eles dão vida a sete drag queens que trazem memórias da década de 70, direto do Bar Patrícia, o primeiro reduto gay em Manaus.

A obra é inspirada no livro “Um Bar Chamado Patrícia”, do estilista Bosco Fonseca, tem experiências dos atores como homens gays e temas como homofobia entre outros diferentes tipos de violência. O nome da peça é uma referência a São Sebastião e a montagem traz outra versão da história do santo para que ele tenha se tornado um patrono da comunidade LGBTQIAPN+.

Segundo Eric Lima, o desejo de criar “Sebastião” surgiu em 2021, quando o grupo amazonense foi vítima de crimes de ódio, homofobia, sorofobia e racismo, entre outros. Ele conta que a simples presença de corpos gays afeminados dentro da Igreja de São Sebastião, com autorização dos responsáveis, aliada a dificuldade de compreender a composição artística do videoclipe “Glowria”, gerou uma onda de ataques por parte dos fieis mais conservadores da igreja católica.

“A obra que foi criada para chamar atenção para essas questões se tornou vítima, então percebemos a necessidade e urgência do debate. Numa tentativa de elaborar uma outra nova forma de diálogo sobre este tema, o Ateliê 23 decidiu responder a todos os atos de violência como sabe melhor, através da arte”, comenta o ator.

“Após intensos anos de trabalho, em 2024, encontramos espaço para criar o espetáculo, que une a motivação inicial com histórias de resistência de gays nos anos 70, os causos do Bar Patrícia, e ainda traz o diálogo com a teoria que adota São Sebastião como patrono da comunidade LGBTQIAPN+ e o tem como um mártir gay contemporâneo como afirma o historiador Richard Kaye”, detalha Eric Lima.

Ficha técnica

A banda de “Sebastião” é formada por Guilherme Bonates, responsável pela produção e direção musical com Eric Lima e Taciano Soares; Luana Aranha no baixo, Mady na guitarra, Bruno Rodriguez no teclado e todos assinam os arranjos das músicas.

O figurino tem assinatura de Andiy, Eric Lima e Francis Madson. A equipe tem ainda Daphne Pompeu na dramaturgia com Eric Lima e Taciano Soares, Emily Danali e Lacruz na assistência de produção, Lore Cavalcanti e Paulo Martins na iluminação e Manuella Barros na assessoria de imprensa.

O projeto é uma realização do Ateliê 23, com apoio do Itaú Cultural, através do Programa Rumos, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e Ministério da Cultura, via Fundação Nacional de Artes (Funarte).

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