Erin Patterson. condenada a três penas de prisão perpétua por assassinar familiares através de cogumelos venenosos, deixa a Suprema Corte de Victoria, na Austrália • William West/AFP/Getty Images via CNN Newsource

Erin Patterson, a australiana acusada de matar três parentes durante um almoço com os cogumelos mais tóxicos do mundo, foi sentenciada nesta segunda-feira (8) a três penas de prisão perpétua com um período de 33 anos, sem direito a liberdade condicional.

Essa decisão marca o fim de um drama policial que tomou conta da Austrália. O caso rendeu vários conteúdos para podcasts e documentários.

A mulher de 50 anos foi considerada culpada em julho pelos assassinatos, que incluiam os pais, a tia e o tio de seu ex-marido, Simon Patterson, em 2023.

Os cogumelos venenosos, chamados de “death cap”, acompanhavam um prato de Bife Wellington, e foram colhidos perto da casa rural da condenada no estado australiano de Victoria.

Condenação de Erin Patterson

A audiência foi transmitida ao vivo da Suprema Corte da cidade de Melbourne, refletindo o intenso interesse público no caso que colocou Erin Patterson, sua família e a pequena cidade de Leongatha sob os holofotes globais.

Equipes de imprensa disputavam espaço do lado de fora do tribunal enquanto o juiz Christopher Beale se sentava diante de uma câmera para proferir a sentença de Patterson.

O juiz disse que os crimes da mulher exigiram “premeditação substancial” e que ela havia se envolvido em um “elaborado encobrimento” ao perceber que suas mentiras iniciais não funcionariam.

“Estou convencido de que, em 16 de julho de 2023, quando você, de forma incomum, convidou Simon, seus pais, tia e tio para um almoço sem as crianças para discutir seu inexistente problema médico, você o fez com a intenção de matá-los”, disse o juíz.

Os promotores pediram uma pena de prisão perpétua sem liberdade condicional, mas o juiz disse que levou em consideração a notoriedade de Patterson e a probabilidade de ela passar muitos anos em confinamento solitário, para sua própria proteção contra outros prisioneiros.

Ainda assim, ele considerou que os crimes de Patterson representaram uma “enorme traição de confiança” que infligiu “sofrimento incalculável” aos seus próprios filhos, que perderam os avós.

“O impacto devastador dos seus crimes não se limita às suas vítimas diretas, seus crimes prejudicaram muitas pessoas”, disse o juiz.

Relembre o caso

Erin Patterson havia se separado do marido, mas mantinha contato com os pais dele, Don e Gail Patterson. Ela conhecia a tia e o tio dele, Ian e Heather Wilkinson, há anos e, por um tempo, os via com relativa frequência nos cultos da igreja local.

Patterson convidou todos os cinco familiares para almoçar em sua casa na pequena cidade de Leongatha, no dia 31 de julho de 2023. Não foi apresentado nenhum motivo para a ocasião – Patterson disse ao tribunal que simplesmente queria um relacionamento melhor com seus sogros.

No entanto, o ex-marido Simon desistiu na noite anterior, alegando que não se sentia confortável em comparecer ao jantar, então apenas seus pais, tia e tio foram. Todos morreram envenenados, menos o tio Ian Wilkinson.

Após o julgamento, se descobriu que Simon acreditava que sua esposa havia tentado envenená-lo diversas vezes nos dois anos anteriores ao almoço e que desconfiava de suas intenções. Três acusações de tentativa de homicídio relacionadas a essas acusações foram retiradas antes do julgamento principal.

Durante o julgamento que durou 10 semanas, o júri ouviu que a acusada tinha visto a localização dos cogumelos “death cap” publicada em um site sobre ciência.

Os promotores disseram que ela comprou um desidratador para secar os cogumelos e os despejou em um centro de reciclagem de resíduos enquanto seus convidados morriam no hospital.

Patterson disse à polícia que havia comprado os cogumelos de um grande supermercado e mercearia asiática, enviando autoridades de saúde em uma missão inútil para rastrear sua origem.

Ela também mentiu sobre estar doente nos dias seguintes ao almoço, segundo o tribunal, e sobre ter alimentado seus filhos com as sobras da refeição contaminada.

Os promotores apresentaram Erin como uma pessoa imperfeita que mentiu repetidamente para a polícia e resistiu às tentativas dos profissionais de saúde de fornecer a ela e aos seus filhos cuidados médicos.

Eles não ofereceram nenhuma evidência real para o motivo de Patterson, mas sugeriram que ela mostrou “duas faces” para o mundo – uma pública que sugeria que ela tinha um bom relacionamento com os Pattersons, e uma privada que ela revelou em mensagens para amigos do Facebook que estavam cheias de frustração sobre o comportamento e as crenças da família.

Em mensagens na rede social enviadas em dezembro de 2022, Patterson expressou raiva pela relutância de Don e Gail em se envolverem no fim do casamento do filho.

“Estou farta dessa merda, não quero mais ter nada a ver com eles”, escreveu ela. Outra mensagem dizia: “Juro por Deus, por essa família.”

A atenção do mundo voltada para uma pequena cidade

O julgamento de Patterson concentrou a atenção do mundo na pequena cidade de Leongatha, no estado australiano de Victoria.

Os advogados de defesa da mulher alegaram que ela havia adicionado acidentalmente cogumelos tóxicos à refeição e só percebeu isso depois que seus convidados estavam à beira da morte no hospital.

Após seis dias de deliberação, um júri de 12 integrantes considerou Patterson culpada, apesar de seus protestos de inocência durante os dias de interrogatório no banco das testemunhas.

Na Austrália, os integrantes do júri devem permanecer anônimos mesmo após o julgamento e são obrigados por lei a não divulgar o que foi discutido. Portanto, nunca ficará claro o que convenceu o júri a chegar ao veredito unânime.

Do lado de fora do tribunal nesta segunda-feira (8), o sobrevivente Ian Wilkinson agradeceu aos policiais por sua “investigação profissional, eficiente e eficaz”.

O pastor de longa data da Igreja Batista de Korumburra também agradeceu aos promotores, à equipe médica e aos membros da comunidade que se ofereceram para apoiar sua família em luto. Ele também apelou por privacidade e encorajou “todos a serem gentis uns com os outros”.

Wilkinson não se referiu diretamente à mulher que matou três familiares próximos, mas durante uma audiência pré-sentença realizada em 25 de agosto, ele ofereceu perdão.

“Não sou mais vítima de Erin Patterson, e ela se tornou vítima da minha gentileza”, disse ele.

Patterson tem até a meia-noite de 6 de outubro para apelar contra sua sentença ou condenação.

Com informações de CNN Brasil.

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