Metrópoles | Vivendo uma espécie de ocaso da sua carreira política, o ex-presidente do PT na época do Mensalão e ex-ministro Ricardo Berzoini acredita que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não sairá da cadeia neste ano. A possibilidade passou a ser cogitada após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar a redução da pena do líder petista de 12 anos e 1 mês de cadeia para 8 anos, 10 meses e 20 dias no caso do triplex no Guarujá (SP). Após cumprir um sexto da pena, ele poderia pedir a progressão do regime.
Para o ex-dirigente partidário, no entanto, há um processo em curso que pretende manter Lula preso. “Infelizmente, por conta de várias manobras judiciais que são claras para nós, há um apressamento do segundo processo que pode acabar por anular qualquer expectativa [de Lula ser solto]”, disse o ex-ministro.
Depois de ocupar a presidência de um dos maiores partidos do país, chefiar ministérios em cinco ocasiões diferentes e exercer o mandato de deputado federal por três vezes, hoje Berzoini é um dos funcionários do gabinete do deputado distrital Chico Vigilante (PT).
Em Brasília, ele acompanhou a palestra do ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad, na Universidade de Brasília (UnB). De lá, com exclusividade ao Metrópoles, avaliou ser clara a movimentação da Justiça Federal do Paraná, onde está sediada a força-tarefa da Lava Jato, para evitar que o ex-presidente migre para o regime semiaberto ainda neste ano.
“Estamos identificando isso”, disse o petista. “Tanto é que, logo após a decisão do STJ, o juiz federal deu prazo que até então não tinha dado para que a defesa se pronuncie. Portanto, me parece que é muita coincidência para acreditar que é coincidência”, raciocinou.
“Mas os advogados estão cuidando disso. Eles têm boa capacidade de análise e poderão saber se há a possibilidade ou não de Lula voltar ao nosso convívio, plenamente livre”, ponderou o ex-ministro.
Conforme reiterou Berzoini, o PT entende que Lula é inocente e vítima de uma perseguição judicial, cujo principal objetivo foi impedi-lo de disputar as eleições presidenciais de 2018. “Acreditamos que só a mobilização popular poderá restabelecer o Estado Democrático de Direito no nosso país”, observou.
Eleições petistas
O ex-ministro ainda falou sobre a próxima eleição para a direção nacional do partido, que será realizada no segundo semestre deste ano. Na disputa interna, há os grupos que defendem a permanência da atual presidente nacional, deputada federal Gleisi Hoffmann, no cargo. E há os que preferem ver Haddad ocupando a posição, de muita visibilidade e relevância dentro da sigla.
“Fui presidente nacional no PT e sempre disse que a presidência do PT não é tão importante como as pessoas pensam. Mais importante é ter uma chapa bem construída. Pode ser qualquer um”, afirmou. “A Gleisi, como tem direito a disputar a reeleição, tem prioridade. Se ela quiser continuar, acho que terá apoio da maioria do PT”, concluiu Ricardo Berzoini.