Em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saiu na manhã deste domingo (29) de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, em Brasília, para visitar pontos de comércio local e o Hospital das Forças Armadas (HFA).

Segundo o Jornal Folha de S. Paulo, o comboio presidencial passou por lojas na Asa Norte, no Sudoeste e em Ceilândia. Bolsonaro falou com funcionários de um posto de combustível, de uma farmácia, de um mercado e com vendedores.

Depois, passou pelo HFA e, em seguida, dirigiu-se a Ceilândia, cidade satélite de Brasília. Lá, Bolsonaro conversou com um assador de churrasco em espetinhos e defendeu sua visão de o comércio ficar aberto.

“Eu defendo que você trabalhe. Lógico, quem é de idade fica em casa. Às vezes, o remédio demais vira veneno”, afirmou o presidente.

O giro de Bolsonaro ocorre um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ter reforçado a importância do distanciamento social à população nesta etapa da pandemia do coronavírus.

“Todo o comércio está falando: eu quero abrir, eu quero abrir, eu quero abrir. Calma. Nós vamos ter que fazer isso com uma regrinha para vocês saberem”, disse o ministro sobre o isolamento.

Mandetta criticou, por exemplo, as carreatas, impulsionadas por discurso do próprio presidente, que pedem a retomada da rotina em alguns estados —em São Paulo, uma delas passou pelo centro da cidade na manhã deste domingo, sendo recebida com panelaços em alguns prédios e gritos de “Fora, Bolsonaro”.

A visita de Bolsonaro a diferentes pontos de Brasília causou aglomeração de pessoas, no momento em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda isolamento para evitar o contágio do novo coronavírus, que já causou 114 mortes no Brasil.

O presidente foi diversas vezes questionado sobre o motivo da visita ao HFA, mas preferiu não responder. Bolsonaro também evitou cumprimentar pessoas com apertos de mão.

“Essa doença entrou pela elite econômica. Aqui, em Brasília os casos são quase todos no Plano Piloto e no Lago Sul. Não chegou a Samambaia [cidade satélite], não chegou na periferia”, disse o ministro.

O ministro disse ainda que é hora de poupar o sistema de saúde “seja pelo o que for” e que pandemia vai atingir a todos. “Se sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar [atendimento] para rico e pobre”, completou.

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