Em entrevista à TV Brasil na noite desta segunda-feira (19/7), o presidente da República disse que vetará o aumento do fundo eleitoral, de R$ 5,7 bilhões aprovado pelo Congresso. O valor, que cresceu R$ 4 bilhões, está previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias e teve o voto de vários governistas, bem como de parlamentares de oposição. Durante a sessão que aprovou a LDO, porém, os deputados não fizeram objeção.

“O valor é astronômico. Mais R$ 6 bilhões para se fazer campanha eleitoral. Imagina na mão do ministro (da Infraestrutura) Tarcisio (Gomes) esse dinheiro? Poderia ter concluído Porto-Velho-Manaus, que é anseio da população do Amazonas. A bancada do Amazonas, de Rondônia, com toda certeza, poderia até sugeri-los aí. Poderíamos recapear parte considerável da malha rodoviária”, afirmou Jair Bolsonaro.

Além disso, o presidente destacou que os recursos poderiam ser usados para construir pontes, ou concluir obras de abastecimento de água. “Se esse recurso vai para a mão do ministro Rogério Marinho, do desenvolvimento regional, você pode concluir as obras de água para o Nordeste”, disse.

Caso o texto seja sancionado como está, Bolsonaro acredita que a verba será desperdiçada.

“A cifra enorme, no meu entender, está sendo desperdiçada, caso seja sancionada. Posso adiantar que não será sancionada. Afinal de contas, eu tenho que conviver em harmonia com o legislativo. E nem tudo que eu apresento ao legislativo é aprovado, e nem tudo que o legislativo aprova, eu tenho obrigação de aceitar para o lado de cá. Mas a tendência é não sancionar isso daí em respeito ao trabalhador”, afirmou.

Fundão

O Fundão foi criado em 2017 para financiar as campanhas eleitorais depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu as doações de empresas. De relatoria do deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA), o texto propõe o aumento do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,7 bilhões.

A matéria contou com o ‘sim’ tanto do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) quanto o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), ambos filhos do chefe do Executivo.

Bolsonaro culpa Marcelo Ramos

O presidente Jair Bolsonaro culpou o deputado federal e vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), pela elevação do valor do Fundo Eleitoral, que praticamente triplicou para R$ 5,7 bilhões.

No Twitter, Marcelo Ramos respondeu ao presidente. “Se depender do Bolsonaro ele não é responsável por nenhuma das mais de 530 mil pessoas mortas na pandemia, nem por 15 milhões de desempregados, nem por 19 milhões de brasileiros com fome e nem mesmo pela escandalosa tentativa de roubo na compra de vacinas. Ele deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações.”

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