
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido cauteloso em suas falas públicas depois que Alexandre de Moraes, ministro do STF, alertou sobre a possibilidade de prisão por descumprimento das medidas cautelares.
A agenda pública do ex-presidente na quinta-feira (24/7) foi marcada por tom sereno nas palavras e choro durante declaração da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em culto, na Catedral da Bênção, em Brasília. À tarde, Bolsonaro passou a tarde na sede do Partido Liberal (PL). Na saída, disse que não sabia o que podia ou não falar.
“Não está claro o que eu posso ou não falar. (..) Eu aguardo os meus advogados, que são muito bons, são renomados. Vão me dar um parecer amanhã. Tenho prazer de falar com vocês. Eu não posso errar. Gostaria de falar com vocês, o que vai acontecer depois a gente não sabe”, disse Bolsonaro.
Na última segunda-feira (21/7), Moraes pediu para que a defesa de Bolsonaro esclarecesse um suposto descumprimento de medidas cautelares depois de o ex-presidente falar com a imprensa na saída da Câmara dos Deputados
A defesa de Bolsonaro argumentou que ele não violou as regras impostas e pediu explicações sobre o que o cliente pode ou não fazer. Na quinta-feira (24/7), Moraes reiterou que o ex-presidente pode dar entrevistas, mas que elas não podem ser publicadas em redes sociais.
O ministro ressaltou que “houve descumprimento da medida cautelar”, mas de maneira isolada, e negou a prisão do ex-presidente. No entanto, advertiu: “Se houver novo descumprimento, a conversão (em prisão) será imediata”.
Confira as medidas cautelares que Bolsonaro deve cumprir
- Uso de tornozeleira eletrônica.
- Recolhimento domiciliar noturno entre 19h e 6h, de segunda a sexta-feira, e integral nos fins de semana e feriados.
- Proibição de uso das redes sociais.
- Proibição de aproximação e de acesso a embaixadas e consulados de países estrangeiros.
- Proibição de manter contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras.
- Proibição de manter contato com Eduardo Bolsonaro e investigados dos quatro núcleos da trama golpista.
“Porta-voz” da família Bolsonaro
Com o pai sob pressão da Justiça, o senador Flávio Bolsonaro (PL) decidiu antecipar a volta de uma viagem de férias à Europa. Ele retornou ao Brasil na última quarta-feira (23/7).
Fontes ligadas à família Bolsonaro atrelam a volta de Flávio a um “vazio” na comunicação dos irmãos neste momento em que o ex-presidente está impossibilitado de falar na web e o irmão Eduardo Bolsonaro (PL) está nos Estados Unidos. O senador vai assumir o papel de “porta-voz” da família.
A volta de Flávio visa dar suporte a Jair Bolsonaro. Na visão de pessoas ligadas à família, todos da base bolsonarista foram pegos de surpresa com as medidas cautelares impostas ao ex-presidente.
Inquérito
Jair Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro são alvo de inquérito porque a Polícia Federal apontou ao STF que eles teriam incentivado as sanções impostas pelo presidente dos EUA ao Brasil. A Casa Branca anunciou a taxação de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto, como retaliação ao que Trump considera ser uma perseguição ao aliado.
Bolsonaro é réu no STF de um inquérito sobre suposta tentativa de golpe de Estado.
Os investigadores destacam que as primeiras investidas do ex-presidente e de Eduardo Bolsonaro começaram em 7 de julho. O parlamentar está nos EUA desde fevereiro, alegando que trabalharia em prol de sanções da Casa Branca contra autoridades brasileiras.
Para a PF, Bolsonaro atuou para instigar seus seguidores contra o Poder Judiciário e suas ações foram cruciais para que Trump adotasse medidas contra o Brasil, “buscando criar entraves econômicos nas relações comerciais entre os Estados Unidos da América e o Brasil, a fim de obstar o regular prosseguimento da Ação Penal”.







