Presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou na noite da segunda-feira que considera que o presidente da República Jair Bolsonaro teve uma postura negacionista durante a pandemia de covid-19, e que tais atos serão passados a limpo durante a Comissão Parlamentar de Inquérito que tomará seus primeiros depoimentos a partir desta terça-feira (4).

“O presidente Jair Bolsonaro, desde o primeiro momento, foi negacionista. Ele estimulou aglomerações e achava que nós poderíamos sair dessa pandemia com imunização de rebanho. Vimos que não era nada disso”, disse o senador em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Omar falou que Bolsonaro adotou estratégias erradas para combater a crise sanitária. Entre elas, defender a adoção de remédios sem estudos conclusivos de eficácia comprovada para o tratamento da covid-19.

“Sobre essa questão da cloroquina de outros remédios, eu não discuto. Vou pela ciência. Acho que os equívocos cometidos têm que ser avaliados e têm que ser feitas autocríticas. Esses equívocos custaram ao Brasil muitas vidas.”, disse o senador.

Aziz evitou, em mais de uma hora e meia de entrevista, fazer críticas a militares durante a gestão da pandemia – um general da ativa, Eduardo Pazuello, irá depor na quarta=feira (5) na condição de ex-ministro da Saúde. O senador disse que Pazuello não representa todos os militares, nem que seu depoimento representará um julgamento da atuação da categoria durante a pandemia. Ainda durante sua fala, o parlamentar elogiou a atuação do ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que o teria ajudado no combate à crise de oxigênio no Amazonas, no início do ano.

O senador disse que não considera que a CPI acabe em pizza – esta comissão, segundo o senador, se diferencia de outras comissões por não ser capaz de resolver o objeto de sua investigação, isto é, acabar com a pandemia. O presidente da CPI da Covid ainda garantiu ser possível, se necessário, acareações entre ministros e membros e ex-membros do governo, assim como a participação de governadores.

Questionado se a comissão levará fatalmente ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Aziz considerou não ser o momento da discussão. “É muito precipitado uma investigação que nem começou atribuir penalização e processo de impeachment”, disse.

Um membro do governo, no entanto, foi diretamente criticado: o ministro da Economia, Paulo Guedes, que na semana passada disse que a China teria “inventado o vírus” da covid-19. Aziz, que chamou a fala de “brincadeira irresponsável”. Questionado novamente, o senador chamou Guedes de “ministro pitaqueiro”. “Ele deveria cuidar da economia, que já não tá bem”, ironizou. “Nós estamos passando de uma pandemia para um caos social, por conta da fome, e vemos um ministro, desde o primeiro dia de governo, contando história como se fosse o todo poderoso.” (Com as agências)

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