Em entrevista ao Congresso em Foco, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) classificou como retaliação a ele a demissão da superintendente da Zona Franca de Manaus, a ex-deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM), que ocupava o cargo desde outubro de 2015, ainda no governo Dilma. O parlamentar atribuiu a saída de sua aliada à decisão dele de votar pelo adiamento da reforma trabalhista no Senado e à proximidade que mantém com o líder da bancada no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desafeto do presidente Michel Temer.
“Votei com os trabalhadores e fui surpreendido. Só fiquei sabendo da demissão da Rebecca pelo Diário Oficial da União”, disse Braga. Ex-líder do governo e ministro de Minas e Energia do governo Dilma, o senador foi o responsável pela indicação de Rebecca para o cargo federal mais importante da região Norte. Os dois são próximos: ela foi candidata a vice dele na eleição ao governo do Amazonas em 2014. Ele foi derrotado por José Melo (Pros), cassado este mês pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eduardo Braga é identificado pelo Palácio do Planalto como um governista dissidente e apoiador de Renan. Há duas semanas o senador articulou uma carta de apoio a Renan, ameaçado de destituição pela maioria da bancada peemedebista no Senado. O ex-governador amazonense chegou a recolher 12 assinaturas, mas o documento acabou engavetado após negociações feitas por Temer para acalmar Renan.
Não bastasse perder o cargo, Braga está irritado com a possibilidade de a Suframa ser presidida por um indicado do senador e também ex-governador do Amazonas Omar Aziz (PSD), o engenheiro Appio Tolentino. Aziz foi vice de Eduardo Braga durante o governo do peemedebista. Mas os dois romperam e hoje são adversários políticos. Ontem à noite o senador participou da reunião da bancada do PMDB que pretendia destituir Renan da liderança, mas a decisão foi adiada.