O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, anunciou que pedirá explicações ao governo dos Estados Unidos sobre o que classificou como “tratamento degradante” dado a brasileiros deportados pela administração de Donald Trump. Segundo informações divulgadas pelo site Metrópoles, os cidadãos chegaram algemados e acorrentados ao Brasil no primeiro voo de deportação promovido pelos EUA sob o novo governo norte-americano.
A aeronave, que transportava 158 passageiros de várias nacionalidades, sendo 88 brasileiros, teve o pouso inicialmente previsto para o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte. No entanto, por questões técnicas, o avião precisou aterrissar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, para reabastecimento. Problemas técnicos impediram a continuidade do trajeto, e, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte dos deportados até Minas Gerais.
O episódio gerou indignação do governo federal, especialmente do Ministério da Justiça, que considerou a situação um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”. O Itamaraty também demonstrou preocupação com os relatos sobre as condições degradantes durante o voo e o desembarque.
No sábado, 25 de janeiro, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou a Manaus para se reunir com autoridades locais, incluindo o delegado da Polícia Federal do Amazonas e o comandante do 7º Comando Aéreo Regional, a fim de coletar informações detalhadas sobre o caso. “Estamos atuando para garantir que os direitos dos cidadãos brasileiros sejam respeitados em qualquer circunstância, sobretudo em situações sensíveis como essa”, afirmou Vieira em pronunciamento.
Ainda segundo o Itamaraty, as informações obtidas na reunião servirão de base para uma comunicação formal ao governo dos Estados Unidos. O objetivo é exigir explicações sobre as condições em que os brasileiros foram deportados e medidas que evitem a repetição de episódios semelhantes.
O caso repercutiu intensamente, destacando as tensões diplomáticas entre os dois países em relação a políticas migratórias. Para o governo brasileiro, as imagens de cidadãos sendo transportados algemados são incompatíveis com os padrões internacionais de respeito aos direitos humanos. O episódio também reacendeu debates sobre a necessidade de maior diálogo entre Brasília e Washington para garantir tratamento digno aos brasileiros em território estrangeiro.
O Ministério das Relações Exteriores reafirmou seu compromisso de seguir acompanhando o caso e reforçou que a proteção aos cidadãos brasileiros, especialmente em situações de vulnerabilidade, permanece como uma prioridade em sua atuação diplomática.