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Andrew Wilson, secretário-geral adjunto da Câmara Internacional do Comércio, sediada na França, destacou em entrevista à BBC que “afastar-se da China, em vários setores, é algo muito mais difícil de se alcançar na prática no mundo”. Segundo ele, a dependência global da indústria chinesa é particularmente evidente em setores como veículos elétricos, baterias, terras raras e ímãs, para os quais “não há alternativas viáveis no momento”.

A fala reforça os desafios enfrentados por países que tentam diversificar suas cadeias de suprimentos, em especial diante da crescente tensão entre potências ocidentais e Pequim.

Brics sob pressão

Durante a cúpula, que reuniu nomes como Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), a ausência do presidente chinês Xi Jinping foi notada. Ele foi representado pelo premiê Li Qiang, num gesto diplomático que reforça o peso da China mesmo à distância. Vladimir Putin, presidente da Rússia e alvo de mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra na Ucrânia, participou da cúpula virtualmente.

O grupo também discutiu os impactos das recentes ofensivas militares. Ao longo de 12 dias, Israel e os EUA lançaram ataques contra alvos iranianos, incluindo instalações nucleares. A operação terminou com um acordo de cessar-fogo, mas elevou o tom da cúpula quanto à necessidade de uma reforma na governança global, com ênfase no Conselho de Segurança da ONU.

A ameaça de Trump

Nos bastidores do evento, ecoaram ameaças do ex-presidente Donald Trump, que prometeu impor tarifas de até 100% aos países do Brics caso adotassem uma moeda comum para rivalizar com o dólar americano — proposta debatida por alguns membros do bloco em cúpulas anteriores.

Além disso, Trump já havia anunciado uma tarifa adicional de 10% a países que, segundo ele, “se alinharem às políticas antiamericanas do Brics”, reforçando a estratégia de guerra tarifária e isolacionismo econômico.

Conclusão

O encontro do Brics reforçou o papel do bloco como alternativa diplomática e econômica ao eixo ocidental tradicional, mas também revelou os limites práticos dessa ambição frente à realidade do comércio global dominado por grandes potências. A dependência da China, o peso político de decisões unilaterais dos EUA e os conflitos internacionais mantêm o cenário volátil, desafiando o equilíbrio entre soberania econômica e estabilidade global.

Com informações de BBC Brasil

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