Cacique Raoni e Lula - Aldeia Piaraçu, Terra Indígena Capoto/Jarina (MT) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante uma cerimônia no Parque Nacional do Xingu (MT), o cacique Raoni Metuktire fez um apelo contundente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pedindo maior compromisso com a proteção do meio ambiente. A liderança indígena se posicionou contra os planos do governo federal de explorar petróleo na Margem Equatorial, região localizada no litoral norte do Brasil.

Reconhecido mundialmente por sua luta em defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, o cacique criticou a estratégia do governo, que aposta na exploração petrolífera como forma de garantir segurança energética e financiar a transição para fontes renováveis. “Eu penso que não [deveria explorar a Margem Equatorial]. Porque essas coisas, da forma como estão, garantem que a gente tenha um meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento”, declarou Raoni, em sua língua nativa, com tradução feita por um intérprete.

Além de líder indígena, Raoni também se identifica como pajé. Ele alertou para os perigos espirituais e ambientais da insistência em modelos destrutivos de desenvolvimento. “Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir”, disse.

Apesar dos alertas, o governo federal defende a exploração da Margem Equatorial. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a região é estratégica diante da previsão de queda na produção do Pré-Sal a partir de 2030. O ministro Alexandre Silveira argumenta que os recursos oriundos da exploração podem ser fundamentais para financiar projetos de transição energética com foco em fontes limpas.

As estimativas da Petrobras indicam que a Margem Equatorial pode conter até 10 bilhões de barris de petróleo. A estatal espera obter em breve a licença pré-operacional que permitirá o início das atividades na área ainda neste ano. Um estudo técnico do Ministério de Minas e Energia aponta que o potencial de investimentos chega a US$ 56 bilhões, com geração de mais de 300 mil empregos e arrecadação superior a US$ 200 bilhões para os cofres públicos.

Apesar do entusiasmo do governo com os números, ambientalistas e lideranças indígenas, como o cacique Raoni, alertam para os impactos socioambientais de médio e longo prazo, reforçando a urgência de priorizar modelos sustentáveis de desenvolvimento para as futuras gerações.

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