Enquanto os candidatos que disputam o 2º turno da eleição presidencial apostam em uma campanha institucional e clássica, celebrando apoios de políticos tradicionais, seus militantes estão, cada vez mais, quebrando o pau nas redes sociais e aplicativos de mensagens, sem se importarem em jogar sujo para atacar os adversários.

O afunilamento da corrida eleitoral está mostrando que os apoiadores do petista Luiz Inácio Lula da Silva, após anos reclamando das táticas dos adversários bolsonaristas, que acusavam de desleais, resolveram usar armas parecidas com as deles: descontextualização de informações e mesmo montagens ou notícias falsas, com o objetivo declarado de viralizar na internet.

Essa “paridade de armas” que começa a ser defendida por um número crescente de militantes petistas é, em grande parte, estimulada por um novo aliado de Lula com bastante habilidade de mobilização na internet: o deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG). Ele já até foi punido pela Justiça Eleitoral na campanha de 1º turno por ter divulgado uma notícia falsa sobre o PL, partido de Bolsonaro.

“Mamadeira de piroca se combate com outra mamadeira de piroca”, escreveu ele, na época, referindo-se a uma famosa notícia falsa produzida pelas milícias digitais bolsonaristas, que viralizou na eleição de 2018. E cada vez mais petistas parecem concordar com Janones.

Briga de rua

Para o cientista político André Cesar, da Hold Assessoria Parlamentar, os militantes de esquerda cansaram de correr atrás dos adversários no terreno digital. “Não só o PT, mas toda a esquerda sempre operou mal na internet. Agora, parte da militância petista resolveu usar as mesmas armas que os bolsonaristas popularizaram”, avalia ele, que vê nesse tipo de campanha mais um sinal de enfraquecimento da democracia brasileira.

“Se os termos agora são esses, perdemos todos enquanto sociedade”, afirma o especialista, que prevê um agravamento do cenário ao longo das três semanas que faltam para o 2º turno, marcado para 30 de outubro. “Chegamos a um ponto em que os dois lados querem briga. Então, vira uma espécie de ‘briga de rua’ nas redes, que acaba transbordando e indo mesmo para as ruas, para as casas. Isso mina a nossa democracia”, completa Cesar.

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