Jessica Bernardo/Metrópoles

Passageiros enfrentaram filas e cancelamentos no Aeroporto de Congonhas em decorrência do ciclone extratropical que atingiu São Paulo nesta quarta-feira (10/12). Segundo a Aena, concessionária responsável pela administração do aeroporto, ao menos 121 voos foram cancelados, sendo 50 chegadas e 71 partidas.

As filas para remarcar os voos ultrapassaram a área de check-in e chegaram perto das escadas que levam para a área de embarque. Voos de Brasília, Rio de Janeiro e Florianópolis foram cancelados.

Ao Metrópoles, passageiros criticaram a falta de informações. “Meu voo não está no painel, não está falando que foi cancelado, a gente está na fila há muito tempo e tem apenas uma pessoa da companhia para resolver tudo”, afirmou a fonoaudióloga Juliana Portas, 44.

Já o motorista Alberto Santana, 65 anos, saiu de Salvador com destino a Santa Catarina e disse que o avião teve dificuldades para pousar em Congonhas. “Quando nós estávamos descendo, teve que subir, fazer tudo de novo, pra poder pousar. Muito vento.”

O auxiliar administrativo Matheus Albuquerque, 32, contou que chegou ao aeroporto por volta das 9h. O voo com destino para o Rio de Janeiro foi adiado duas vezes, mas acabou cancelado. “Já tem mais de duas horas que eu estou na fila aguardando um posicionamento, sem previsão se vou viajar hoje ou não.”

Aena

Em nota, a Aena afirmou que está operando normalmente nesta quarta-feira e que os voos foram cancelados “por decisões operacionais das companhias aéreas por causa dos ventos fortes com rajadas de mais de 90 km/h, determinação do controle de tráfego aéreo e ajustes da malha aérea das empresas”.

“A Aena recomenda que os passageiros com viagens programadas entrem em contato com as companhias aéreas para saber a situação do seu voo”, acrescenta a empresa.

Segundo a Defesa Civil, no início da manhã, por volta das 9h, a região do Aeroporto de Congonhas registrou ventos de 69 km/h. De acordo com a última atualização do órgão, a capital paulista teve ventos de 81,7 km/h às 11h20.

Até as 12h desta quarta-feira, a Região Metropolitana de São Paulo já tinha 514 chamados para ocorrências de quedas de árvore, segundo o Corpo de Bombeiros.

De acordo com a Defesa Civil, mesmo distante do território paulista, o ciclone extratropical é amplo e intenso o suficiente para afetar diversas regiões do estado.

Impactos em SP

Segundo o meteorologista da Defesa Civil Willian Minhoto, o ciclone, apesar de ter se formado na região sul do Brasil, atrai ar de outras regiões do país, canalizando correntes de ar quente e úmido vindas do Norte e do Centro-Oeste. A condição favorece chuva, formação de nuvens carregadas e tempestades.

Além disso, Minhoto explicou que a borda do ciclone está associada à passagem de uma frente fria que, ao avançar por São Paulo, provoca queda de temperatura, aumento de nebulosidade e ventos de moderados a fortes. O estado sofre efeitos significativos, mesmo longe do núcleo do fenômeno.

Um gabinete de crise montado pela Defesa Civil e composto por lideranças das concessionárias de energia, Corpo de Bombeiros, Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Fundo Social do Estado de SP, Sabesp, Artesp e Arsesp atuam no monitoramento do ciclone e eventuais consequências.

Previsão para quinta-feira (11/12)

  • Segundo o  Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), nesta quinta-feira (11/12) a chuva deve diminuir “totalmente” e o sol aparecerá entre nuvens no decorrer do dia, porém os ventos ainda devem continuar.
  • As temperaturas vão variar entre a mínima de 20°C na madrugada e, no período da tarde, a máxima pode chegar aos 28° C.
  • A umidade do ar deve ter uma ligeira queda, com índices entre 42% e 95%.
Artigo anteriorAleam dá aval a orçamento de R$ 38 bilhões para 2026 e fortalece áreas estratégicas com mais de 600 emendas parlamentares
Próximo artigoCCJ da Câmara aprova cassação do mandato de Carla Zambelli