O site Metrópoles largou neste domingo, 24, a segundo seriado de matérias especiais sobre a Região do Alto Solimões com ênfase no tráfico de drogas, a omissão do aparelho do estado – Exército, Polícia Federal, Marinha e Polícia Militar – no combate ao crime organizado.

Na sequência do seriado, o foco foram as casas de jogos em Atalaia do Norte, região do Javari, frequentadas pelos moradores da cidade e, também, de comunidades indígenas locais. 

De acordo com o Metrópoles, nas casas é possível apostar tanto em times de futebol, em esquema de bet, quanto participar de um bingo eletrônico.

Eduardo Costa, funcionário da casa de jogos (não citou o nome da casa) ao ser indagado pela reportagem (ver vídeo) respondeu:

“É 100% confiável. Ganhou, pagou”, disse Eduardo Costa, funcionário da casa de jogos, durante a visita da reportagem à cidade, em agosto. Ele contou que até mesmo integrantes das comunidades indígenas deixam suas aldeias para apostar. “Um exemplo é o indígena ali, ó, jogando. Eles vêm bastante. Ganham, também”, disse.

Segundo o funcionário, há outras casas de aposta na cidade. Por aquela onde trabalha, chegam a passar mais de 100 pessoas por dia. O ponto alto da semana é o bingo eletrônico às sextas, que paga prêmio de até R$ 10 mil.

Outro entrevistado do Metrópoles é o responsável pelo ambulatório Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, Aderbal Vieira. Segundo declarou o jogo atinge a sociedade como um todo, em parcelas da população tão distintas quanto os indígenas do Amazonas e os executivos dos grandes centros urbanos.

“O jogo é essa coisa que está pegando, incendiando como um todo. Está explodindo. Certamente, as populações socialmente menos providas são atingidas”, afirma, citando que até mesmo uma parcela dos recursos do Bolsa Família tem sido gasta com bets.

Pereira era um defensor dos povos da Terra Indígena do Vale do Javari e lutava contra a exploração ilegal dos recursos naturais. O duplo homicídio chamou a atenção para os conflitos no extremo oeste do Amazonas e, segundo quem conhece o local, afugentou turistas que pretendiam conhecer as belezas da região.

Sem recursos, ribeirinhos e indígenas se tornam alvo do assédio de traficantes que circulam pelo Javari e alguns acabam sendo cooptados pelo crime.

O que diz a Funai

Ao ser questionada pela reportagem, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) teria afirmado que foge do escopo de suas atribuições fiscalizar jogos de azar e bets e que a questão deveria ser tratada com o Ministério da Fazenda.

“Cabe à autarquia garantir o acesso dos povos e das pessoas indígenas a serviços básicos, como a saúde, inclusive a mental, bem como o respeito aos seus modos próprios de organização e suas práticas socioculturais”, afirma, em nota.

O que a reportagem fala sobre o tráfico de cocaína

– Que os traficantes se aproveitam dos carregamentos de pirarucu, uma das iguarias da região, para despistar cães farejadores e conseguir atingir o destino.

– Que o pirarucu é disposto em lâminas ou mantas, entre camadas de gelo. A cocaína viaja sob o carregamento, o que dificulta o farejamento dos cães treinados pela Polícia Militar. Dessa maneira, o tráfico consegue escoar a produção de cocaína pelos rios amazônicos.

– Que a pesca ilegal e outros crimes ambientais caminham lado a lado com o tráfico de drogas, até por usarem as mesmas rotas logísticas, que são os rios da região.

– Que espigas de milho, carregamentos de cebola ou banana, dentro de tanques de combustível ou de ar-condicionado, servem como disfarce para a cocaína que cruza o Norte do país.

Matéria completa nos links abaixo

https://www.metropoles.com/sao-paulo/casas-de-apostas-se-instalam-na-amazonia-e-atraem-ate-indigenas

https://www.metropoles.com/sao-paulo/pms-atacam-como-piratas-no-rio-solimoes-para-roubar-cargas-de-drogas

https://www.metropoles.com/sao-paulo/traficantes-escondem-drogas-em-pirarucu-para-driblar-caes-farejadores

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