Praças dos Remédios (Fotos: Sérgio Fonseca)

O centro da Zona Franca de Manaus ou, simplesmente, centro histórico, que um dia foram chamados de belle époque, ainda é uma opção interessante capaz de despertar as mais doces e curiosas imaginações.

O relógio municipal, localizado no Centro Histórico da cidade, mais precisamente na Avenida Eduardo Ribeiro, com sua engrenagem, importada da Suíça; o Palácio da Justiça, um dos principais exemplares da arquitetura clássica do período áureo da economia da borracha; o prédio da Alfândega, o primeiro pré-moldado de Manaus, construído em blocos de tijolos importados da Inglaterra e tantos outros continuam imponentes a encantar, sobretudo, por seu conjunto histórico arquitetônico.

Em meio a tanta beleza, no entanto, novos cenários podem ser descortinados e o esplendor de símbolos tão representativos da história do Amazonas podem ser ofuscados.

Independentemente do insuportável mau odor produzido por exclusiva deficiência de banheiros públicos – quem não tem cão caça com gato -, o centro histórico de Manaus agora é reduto do Comando Vermelho (CV), uma das maiores organizações criminosas do Brasil com ramificações em vários estados do país.

Em cada pedaço de chão, bancos, monumentos, enfim… em todos os lugares da Praça dos Remédios, lá a marca da facção criminosa, CV.

E se na área tem Comando Vermelho, tem droga e muita – maconha, cocaína, crack, tiner, loló, K9 e muito mais.

O consumo é explícito.

Na praça, dezenas de pessoas se entorpecem dia e noite, a toda hora, a todo instante, a todo momento, moribundos, desprezados – um espetáculo dantesco de cortar o coração dos mais empedernidos.

O estado é totalmente ausente.

No local, nenhuma viatura policial, nenhum órgão especializado em assistência social a olhar com o mínimo de comiseração ao escárnio social espalhado na Praça dos Remédios, ocupada pelo crime comandado pelo CV.

A mão amiga da igreja, a caridade de algumas boas almas piedosas e o alento levado pelo projeto Ágata, infelizmente, não servem de remédio para a cura do problema. São apenas medidas paliativas, apesar de indispensáveis.

Logo, como descreve Chico Buarque de Holanda nos versos de “Pedro Pedreiro” ao pobre e desvalido só resta esperar. Até quando?

Esperando a sorte

Esperando a morte

Esperando o norte

Esperando o dia de esperar ninguém

Esperando enfim nada mais além

Da esperança aflita, bendita, infinita

Do apito de um trem

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