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O chá de boldo já é conhecido nas casas brasileiras por suas propriedades terapêuticas, mas muita gente acredita que a bebida traga apenas benefícios para o sistema digestivo. Na realidade, a infusão também tem se provado em estudos recentes como capaz de dar um boost na imunidade e de melhorar a saúde do fígado.

O nutricionista Leandro Rodrigues da Cunha explica que o chá de boldo é um medicamento tradicional com diversas aplicações. “As folhas concentram a maior parte dos compostos bioativos benéficos, como a boldina, além de frações ricas em alcaloides e em flavonoides com capacidade antioxidante”, resume o representante do Conselho Regional de Nutrição da 1ª Região.

Ele destaca a boldina como principal substância ativa, além de alcaloides e flavonoides que garantem ação antioxidante e efeito protetor às células. A boldina estimula a produção e a liberação da bile. Esse processo acelera a degradação de gorduras e toxinas no corpo. “A bile acelera a degradação de gorduras e de toxinas que circulam pelo organismo, criando uma ação desintoxicante geral”, diz.

O efeito da bile também ajuda a reduzir sintomas de gastrite e refluxo, ao equilibrar a produção de ácido no estômago. Essa ação torna o chá aliado em dietas ricas em gordura e reforça a tradição de consumo da planta após refeições pesadas.

Efeitos do chá de boldo

Estudo publicado em 2020 na revista Chemico-Biological Interactions demonstrou que as folhas contêm compostos fenólicos e flavonoides que neutralizam radicais livres, diminuindo danos celulares. Esse efeito antioxidante é considerado relevante para o fortalecimento da imunidade e para a proteção contra inflamações.

A infusão apresenta ainda leve efeito calmante. O relaxamento proporcionado pelo chá é atribuído à ação sobre o sistema digestivo e nervoso. Pessoas relatam melhora de sintomas de estresse e ansiedade após o consumo moderado da bebida.

A ação antibacteriana e antifúngica também foi observada. O óleo essencial extraído das folhas vem sendo testado em casos de candidíase, mas os resultados ainda são considerados preliminares. O chá, em comparação, apresenta efeito mais sutil.

Apesar dos efeitos positivos, médicos alertam para limites no consumo. A recomendação é não ultrapassar duas xícaras por dia e evitar uso contínuo sem orientação. O excesso pode provocar alterações no fígado e afetar negativamente pessoas com doenças hepáticas.

Cuidados no consumo

O boldo é nativo da América do Sul e usado como fitoterápico em diferentes países. Duas variedades se destacam: o boldo-do-Chile (Peumus boldus) e o boldo-brasileiro (Plectranthus barbatus). Apesar do sabor amargo, as espécies compartilham benefícios semelhantes.

O chá não deve ser ingerido por gestantes, lactantes ou crianças. Especialistas alertam que o uso durante a gravidez pode trazer riscos ao desenvolvimento fetal. Indivíduos com hepatite, inflamação biliar ou consumo frequente de álcool também devem evitar a planta.

Além das contraindicações, pesquisadores ressaltam que a bebida não tem relação com a prevenção de doenças virais como a dengue, ao contrário do que circula em boatos nas redes sociais. O uso deve ser direcionado ao cuidado digestivo e hepático.

O preparo é simples: basta ferver 500 ml de água, adicionar uma colher de folhas frescas ou secas, tampar, aguardar até dez minutos e coar. A recomendação é beber logo em seguida, aproveitando a extração dos compostos ativos concentrados nas folhas.

Com informações de Metrópoles.

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