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Declarações do chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, geraram uma onda de críticas tanto no Parlamento alemão (Bundestag) quanto no Brasil. Merz, que esteve em Belém para a Cúpula de Líderes na semana passada, teria expressado alívio ao retornar à Europa, com comentários que foram interpretados como uma comparação desfavorável entre o Brasil e a Alemanha.

O Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro no Bundestag, uma associação multipartidária que mantém contato com o Legislativo brasileiro, manifestou seu descontentamento. A deputada Isabel Cademartori, do Partido Social-Democrata (SPD), criticou a postura de Merz, afirmando que um líder alemão “deve evitar dar a impressão de que trata os importantes países parceiros do Sul Global com arrogância ocidental”. Para Cademartori, a declaração prejudica a reputação internacional da Alemanha e é “inadequada”, especialmente em um momento crucial para o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Ela ressaltou a importância do Brasil como parceiro comercial e destino turístico, além de celebrar os 200 anos da imigração alemã no país.

Oposição Alemã Classifica Falas Como “Arrogantes” e “Presunçosas”

Anton Hofreiter, dos Verdes (oposição), interpretou a fala de Merz como “arrogante” e criticou a postura do chanceler em relação à liderança internacional na proteção climática. “Onde se exige responsabilidade, ele aposta na polêmica”, disse Hofreiter, lamentando a má imagem transmitida pela Alemanha. A deputada Maren Kaminski, do partido A Esquerda, também na oposição, classificou a afirmação como “arrogante e presunçosa”, sugerindo que Merz “deprecia um país inteiro e seus habitantes, que provavelmente não conhece bem”.

O presidente do grupo parlamentar, Rainer Rothfuß, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), corroborou as críticas, citando as declarações do prefeito de Belém como “infelizes, arrogantes e preconceituosas”. Rothfuß afirmou que Merz não tem consciência do desenvolvimento do Brasil e carece de empatia e habilidade diplomática.

Reação do Governo Alemão e do Brasil

Após a polêmica, o governo alemão emitiu uma nota elogiando a “natureza impressionante” do Brasil e afirmando que Merz tem “grande respeito pelo feito de organizar uma conferência internacional tão importante em Belém”. A nota mencionou ainda o interesse alemão em contribuir significativamente para o Fundo Florestas Tropicais e destacou a importância da relação entre os dois países.

No Brasil, o Itamaraty optou por não comentar o caso. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu diretamente as falas de Merz. “O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ah eu fui em Belém, mas voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, deveria ter ido em um boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, ele deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora, coma maniçoba”, declarou Lula.

O Senado Federal aprovou, também nesta terça-feira, um voto de censura contra Merz, proposto pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e apoiado por outros líderes. Segundo Marinho, as falas do premiê alemão carregam “um tom xenófobo e preconceituoso”, que desrespeita “não apenas a cidade de Belém, mas todo o povo brasileiro e, sobretudo, a Amazônia”. O documento com o repúdio será encaminhado ao Itamaraty para que seja entregue ao governo da Alemanha.

Com informações de Metrópoles

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