Hugo Barreto/Metrópoles

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou à Polícia Federal (PF), em depoimento na tarde de terça-feira (24/6), que não é dele a conta do Instagram por meio da qual teria mantido conversas com o advogado de um dos réus da suposta trama golpista. A Meta, empresa responsável pela rede social, informou que o e-mail vinculado ao perfil pertence ao ex-ajudante.

O depoimento foi prestado no âmbito do inquérito que apura uma possível tentativa de obstrução das investigações, após o advogado de Marcelo Câmara divulgar diálogos com Cid no ano passado. À PF, o ex-ajudante disse desconhecer a autoria da conta @gabrielar702 e negou ter conversado com o advogado sobre delação premiada.

Questionado sobre a criação do perfil, Cid afirmou não saber quem o criou. Ele também negou qualquer conversa com o advogado acerca do acordo de colaboração firmado com a PF.

Indagado sobre a relação com Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara, Cid explicou que o conheceu quando o advogado atuava na defesa de Bolsonaro. O ex-ajudante recordou ainda que Kuntz e o ex-assessor Fábio Wajngarten o visitaram na prisão em 2023.

Cid relatou que Kuntz se aproximou de uma de suas filhas em razão de assuntos ligados ao hipismo — modalidade esportiva que ela pratica. Ele disse também que o advogado o procurou, por meio da filha e da mãe de Cid, entre o segundo semestre de 2023 e o início deste ano, para tratar de questões relacionadas às investigações.

O ex-ajudante mencionou ainda o advogado Paulo Bueno, defensor de Bolsonaro, que teria se colocado à disposição para ajudá-lo.

Segundo Cid, ele só soube da conta no Instagram quando a revista Veja publicou uma reportagem vinculando o perfil ao nome da esposa. Ele alegou não ter motivos para que Kuntz se aproximasse de sua filha e afirmou que Wajngarten também buscou contato com a filha e a esposa para obter informações, presumivelmente sobre a delação.

Áudios

Em relação aos áudios divulgados por Kuntz, Cid negou ter conversado diretamente com o advogado. Disse acreditar que pode ter sido gravado por terceiros, sem seu conhecimento, e que o material pode ter sido editado com o intuito de prejudicá-lo.

O ex-ajudante reforçou que nunca foi procurado por Marcelo Câmara sobre a delação, mas não soube informar se outras pessoas agiram em nome do ex-assessor para tentar obter informações sobre a colaboração com a PF.

Com o depoimento, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF ouça Wajngarten e o advogado de Bolsonaro no inquérito que apura a suposta obstrução da investigação. O ministro determinou também que o laudo técnico sobre o conteúdo do celular da filha de Cid seja anexado ao inquérito no prazo de dez dias.

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