Era domingo, véspera de Natal. Joel acordou atrasado naquele dia. Nem deu tempo de tomar café direito. Apenas pegou um pedaço de pão que estava encima da mesa e saiu mastigando. Quando a esposa terminou de falar (— “Não se esqueça de comprar os preparativos para a ceia”), ele já estava dobrando a esquina.

No estacionamento do maior shopping da cidade, as crianças gritavam desesperadamente: “Queremos ganhar presente”; “Queremos ganhar presente”. — “Joel, você apareceu, que alívio!”, disse o organizador do evento. — “Deixa comigo que daqui para frente eu assumo”, respondeu Joel.

No palco, enquanto músicas natalinas eram tocadas, Joel chamou o organizador do evento para um canto e lhe disse: — “Estou preocupando! Temos aqui muitas crianças e poucos presentes. O que vamos fazer?”. — “Eu não sei! Não faço a mínima ideia!”, respondeu o organizador do evento.
Naquele momento, Joel teve uma ideia. Lentamente e pensativo ele caminhou para o centro do palco. Pegou o microfone e perguntou: — “Quem quer ganhar um presente?”. A resposta foi em coro: — “Eeeeeu”. — “Mais vocês sabem que para ganhar presente tem que merecer, não é?!”. — “Siiiiim”. E as crianças começaram a gritar mais alto ainda: — “Queremos presente”. “Queremos presente”.

Houve um principio de tumulto, mas Joel continuou: — “Não se preocupem, todos que estão aqui vão receber um presente, porém, para ser justo, vou fazer uma pergunta e quem souber a resposta vai receber o presente primeiro, tudo bem assim?”. — “Siim”, responderam as crianças, já mais calmas!

— “A pergunta é a seguinte — continuou Joel —, Quem foi o primeiro Papai Noel do mundo?”. Nenhuma criança subiu ao palco! — “Vamos?! A pergunta serve também para os pais de vocês”, disse Joel. Depois de alguns minutos, um pai de uma criança respondeu:

— “Foi São Nicolau, um arcebispo turco que viveu no século IV e costumava ajudar, anonimamente, pessoas com dificuldades financeiras, colocando um saco de moedas de ouro nas chaminés das casas. Sua transformação em símbolo natalino ocorreu na Alemanha e se espalhou pelo mundo todo!”.

— “Bravo”. “Viva!”. “Muito bom”. “Palmas para ele”, dizia Joel. “O primeiro Papai Noel foi São Nicolau!”. “Hoje Papai Noel não traz mais moedas e sim presentes. Mas só ganha presente, noite do dia 24 de dezembro, as crianças bem comportadas, estudiosas e obedientes aos pais, como vocês, não é?”, indagava Joel.

— “Vamos Joel, distribua logo esses presentes, as crianças já estão ficando impacientes”, ordenou o organizador do evento. — “Mas não têm presentes para todos”, disse Joel. — “Olha aqui!”, disse o organizador do evento mostrando uma montanha de presentes. — “Quem doou tudo isso?”. — “Milagres acontecem Joel”. Com ajuda de todos, Joel organizou as crianças em fila e naquela manhã ele distribuiu mais de sete mil brinquedos.

À tarde, quando Joel chegou a sua casa, percebeu a sua esposa preocupada. — “Tudo em ordem por aqui?”. — “Mais ou menos”, respondeu Maria. — “O que aconteceu?”. — “Estou preocupada porque vejo que você não trouxe o que eu lhe pedi”. — “Não se preocupe Maria, Deus proverá”, respondeu Joel.

À noite, faltando um pouco mais de uma hora para o Natal, os seus amigos de infância e de profissão, Natanael, Rafael, Ângelo e Angélica apareceram, cada um trazendo um prato. Os vizinhos, percebendo os preparativos para a ceia na casa de Joel, também se aproximaram. Logo a mesa ficou farta!

Quando deu meia noite, o sino da igreja tocou ao longe. Maria entoou, em forma de oração, uma música natalina de melodia agradabilíssima e foi acompanhada por todos. “Noite feliz, noite feliz. Ó Senhor, Deus de amor. Pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa Jesus, nosso bem”.

Por fim, Joel pediu que todos dessem as mãos e lembrou o verdadeiro motivo daquele encontro: — “Hoje é o dia do nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo, Nosso Salvador! Quero desejar um feliz e abençoado Natal para todos nós e para todas as famílias do nosso querido e amado Brasil”. E levantando uma taça de vinho, disse: — “Feliz Natal!”. E todos responderam: — “Feliz Natal!”.

Luís Lemos é professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de: “Filhos da quarentena” e “Amores que transformam”.

Instagram: @luislemosescritor

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