O linfoma é um tipo de câncer originado no sistema linfático, composto por linfonodos ou gânglios e tecidos que produzem as células que são responsáveis pela imunidade e pelos vasos que conduzem essas células através do corpo. Os linfomas podem ser agrupados em dois grupos principais: os de Hodgkin e aqueles que coletivamente podem ser denominados não-Hodgkin.
Entre os tipos de câncer hematológico (originados das células sanguíneas), os mais comuns são os Linfomas não-Hodgkin, com 544 mil casos diagnosticados no mundo no último ano, segundo o Globocan 2020, levantamento do IARC, braço para pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença é o oitavo câncer mais comum em homens e o décimo entre as mulheres. Segundo a American Cancer Society, 8 entre 10 casos são diagnosticados após os 55 anos, sendo que a faixa mais prevalente é dos 65 anos 74 anos.
Aos 69 anos, o jornalista e escritor Artur Xexéo morreu em decorrência de um linfoma não-Hodgkin, doença que, também no Brasil, é o oitavo tipo de câncer entre os homens, com 6580 casos previstos para 2021, segundo as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Entre as mulheres, o total de casos estimados para 2021 no país é de 5.420.
Para o sucesso do tratamento, é fundamental fazer a classificação correta de cada subtipo de linfoma não-Hogdkin. De acordo com o tipo de célula envolvida, a doença pode ser dividida em 2 grupos principais: linfomas de células B (ou linfócitos B) e linfomas de células T e NK (ou de linfócitos T e células natural killer, ou exterminadoras naturais). Os linfomas de células B são os mais comuns, respondendo por cerca de 80% dos casos de linfomas não-Hodgkin. Os linfomas de células T e NK, subtipo que foi o diagnosticado em Artur Xexéo, representa cerca de 20% de todos os casos de Linfomas não-Hodgkin.
Como a doença é diagnosticada
O diagnóstico de linfoma não-Hodgkin é feito por meio de biópsia incisional (retirada de parte) ou excisional (remoção de um linfonodo comprometido em sua totalidade), explica o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Alexandre Ferreira Oliveira. O material biopsiado é enviado para análise para um Médico Patologista, que irá lançar mão da avaliação do aspecto das células, sua distribuição no tecido, suas características imuno-histoquímicas e seus aspectos moleculares.
“Fazemos a análise das células do linfoma através do microscópio para que saibamos qual é o subtipo específico de linfoma, informação que irá orientar o tratamento”, explica o médico patologista Felipe D’Almeida Costa, diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), titular da anatomia patológica do A.C.Camargo Cancer Center e coordenador médico de educação da patologia da Dasa.
Além de definir o subtipo de cada linfoma, outra informação importante é o grau de agressividade da doença, definido como estadiamento. O exame recomendado para esta avaliação é o PET-CT, que pode ser acompanhado de outros exames de imagem como raio-X, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Embora inespecíficos (podendo ser associados com outras doenças), alguns sintomas merecem maior atenção: inchaço indolor dos gânglios linfáticos da virilha, axilas e pescoço, sudorese noturna intensa, febre, erupção cutânea avermelhada e disseminada pelo corpo; náusea, vômitos ou dor abdominal, perda de peso sem causa específica, coceira, cansaço, tosse ou dificuldade para respirar, dor de cabeça seguida de dificuldade de concentração, confusão mental, dentre outros.
Opções de tratamento
Para se definir o tratamento de um paciente com linfoma não-Hodgkin é preciso classificar a doença por seu subtipo, grau de agressividade, comprometimento linfonodal e risco de metástase, idade e estado de saúde geral do paciente. A quimioterapia é o tratamento-padrão da doença. A radioterapia também pode ser utilizada, tanto nos estadios iniciais como para alívio de sintomas. Com o avanço da medicina de precisão, também há um arsenal da imunoterapia para diferentes subtipos celulares de linfoma. O transplante de células-tronco (ou transplante de medula) é também uma opção para pacientes com linfomas não Hodgkin.
A cirurgia costuma ser indicada para tratamento de complicações, como derrame pleural volumoso, derrame pericárdico volumoso, compressão de vias aéreas, dentre outros. Há também a cirurgia paliativa, opção efetiva para pacientes com tumores avançados. “São cirurgias que visam oferecer melhor qualidade de vida para o paciente com doença avançada, como traqueostomia, gastrostomia e pleurodese”.
Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira (2019-2021).
Sobre a SBP – Fundada em 5 de agosto de 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia é responsável por representar seus associados e oferecer-lhes suporte técnico-científico e profissional, incluindo assessoria jurídica, acesso a programas de educação continuada, atualização científica, controle de qualidade e acreditação de serviços. A entidade visa ser reconhecida como uma associação de elevado padrão ético e profissional, com representatividade efetiva junto à sociedade civil, ao governo e a comunidade – assistencial e acadêmica – consolidando-se como referência no exercício da Patologia no Brasil.