Mansões em condomínios fechados, casas de campo, cabeças de gado, áreas florestais, tratores e amplos escritórios em prédios comerciais. A lista de bens paraguaios ligada a Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros” do Brasil, é extensa (veja fotos abaixo). Neste último dia 26, logo após o Natal, toda esta fortuna foi alvo de uma decisão de confisco pela Justiça do país vizinho. Ainda cabe recurso.

Em entrevista concedida ao jornal paraguaio ABC Color, Santiago Arza, secretário geral da Secretaria Nacional de Administração de Bens Confiscados (Senabico) — órgão do governo paraguaio que administra bens retidos por suspeita de elo com o crime organizado —, disse que o confisco do patrimônio de Messer é um dos mais multimilionários da história do Paraguai, além de um dos maiores casos de rastreio de estruturas econômicas que sustentam organizações criminosas. As apreensões giram em torno de US$ 150 milhões.

Segundo Arza, no entanto, ainda é preciso aguardar a confirmação da decisão judicial em instâncias superiores antes de o conjunto de investimentos ser levado a leilão — para que todos os recursos, finalmente, possam ser revertidos em dinheiro.

A autoridade afirmou ainda que, inicialmente, havia um combinado de que o montante seria dividido igualmente entre Brasil e Paraguai. Uma nova discussão deve ser iniciada para que o valor a ser repartido seja recalculado.

Janeiro, decorrentes das operações Câmbio Desligo, Patrón e Marakata. O confisco dos bens é resultado de um trabalho conjunto entre a Secretaria de Cooperação Internacional do MPF (SCI), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público do Paraguai. O doleiro chegou a ser preso, mas saiu da cadeia.

Resquícios da Lava Jato

A localização e identificação do patrimônio do doleiro é fruto da Operação Lava Jato. No caso de Messer, o ponto de partida dos investigadores foi a prestação de serviço que a “banca” de câmbio clandestino prestava para membros da organização criminosa envolvida com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e para a empreiteira Odebrecht, no Brasil e no exterior.

Mas os domínios do doleiro iam muito além. O nome do criminoso é citado, por exemplo, em investigações desde a década de 80.

Messer já apareceu no Caso Banestado, na década de 90, e no escândalo do mensalão, em 2005. Depois de tanto ser caçado pelas autoridades, resolveu, segundo as investigações, iniciar negócios no país vizinho. Virou “amigo de alma” do ex-presidente do Paraguai, Horácio Cartes. Com informações de Metrópoles.

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