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Em um raro momento de consenso bipartidário, o Congresso dos Estados Unidos aprovou, por unanimidade no Senado e por 427 a 1 na Câmara dos Representantes, um projeto de lei que obriga a divulgação dos arquivos secretos relacionados ao caso Jeffrey Epstein. O presidente Donald Trump já declarou que pretende sancionar a medida rapidamente.

Com a assinatura de Trump, a expectativa é que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos publique todos os documentos sobre o caso em até 30 dias. Serão feitas exceções apenas para proteger a identidade de menores de idade ou trechos de processos ainda em andamento.

Contudo, há dúvidas sobre a celeridade da divulgação. Alguns parlamentares republicanos alertam que a ordem de Trump para investigar possíveis vínculos de Epstein com líderes democratas pode atrasar o processo. O deputado conservador Thomas Massie e Marjorie Taylor Greene, que antes apoiava Trump e agora defende a divulgação do dossiê, expressaram preocupação de que novas investigações possam servir de pretexto para adiar a liberação. Mesmo assim, o Departamento de Justiça possui autonomia para divulgar os arquivos a qualquer momento.

Caso Epstein no Centro da Política Americana

O escândalo Epstein ganhou nova força após a divulgação de volumes de documentos que incluem e-mails e relatos citando o próprio presidente americano. Mensagens reveladas pela oposição, de 2011 e 2019, sugerem que Epstein acreditava que Trump estava ciente de suas práticas criminosas envolvendo menores.

Trump nega qualquer envolvimento e afirma ter rompido relações com Epstein em 2004. Embora inicialmente resistente à divulgação, no domingo (16) ele surpreendeu ao mudar de posicionamento e apoiar a votação no Congresso. No entanto, o tema continua a gerar tensões: nesta terça-feira, ao ser questionado sobre o caso, Trump atacou verbalmente jornalistas em coletiva na Casa Branca e a bordo do Air Force One.

Vítimas Clamam por Justiça

As sobreviventes da rede de tráfico sexual de Jeffrey Epstein reforçam que a liberação dos arquivos é uma questão de justiça, não de política. Annie Farmer, uma das vítimas mais conhecidas, afirmou em coletiva no Capitólio que elas enfrentam “traição institucional” há anos, com falhas em diferentes administrações que permitiram que o esquema durasse décadas.

As investigações federais detalham que Epstein abusou e explorou sexualmente de dezenas de meninas, muitas delas menores de idade, em suas propriedades em Nova York e na Flórida. Ele recrutava jovens e as pagava em dinheiro após os abusos, e o número total de vítimas pode chegar a mais de mil.

Epstein morreu na prisão em 2019, enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual. Sua cúmplice, Ghislaine Maxwell, foi condenada em 2022 a 20 anos de prisão, embora seus advogados busquem reduzir a sentença.

Com informações de Metrópoles

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