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A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) tem início nesta segunda-feira (10/11) em Belém, no Pará, com um Parque da Cidade construído do zero a um custo estimado de quase R$ 1 bilhão. A expectativa é que as próximas duas semanas de negociações diplomáticas resultem em decisões cruciais para a adaptação da humanidade a um planeta em aquecimento.

Apesar da grandiosidade da estrutura, especialistas como Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, preveem uma missão quase impossível para limitar o aquecimento global a 1,5 °C – meta estabelecida há dez anos pelo Acordo de Paris. “Não é sobre daqui a 10 anos, não é sobre 2050 – é sobre o que a gente está fazendo agora”, alerta Unterstell. Eventos extremos recentes, como o tornado que devastou uma cidade no Paraná e os deslizamentos de terra no Quênia, servem como lembretes urgentes da crise climática.

Greenwashing e Exigências dos Países Vulneráveis
Dentro da conferência, especialmente na “zona verde”, haverá representantes de setores com alto impacto ambiental. Mario Tito Almeida, da Unama, expressa receio de que a COP30 se torne um palco para “greenwashing”, mencionando a possível participação de mineradoras como a Vale.

Países mais vulneráveis, sobretudo os africanos, esperam que Belém defina uma meta global de adaptação e estabeleça fontes confiáveis de financiamento climático. Eles demandam doações previsíveis e estáveis, em vez de empréstimos ou promessas não cumpridas, como ressalta Joab Okanda, observador do Quênia. A falta de decisões claras sobre adaptação e a responsabilidade financeira dos países ricos, que historicamente mais emitiram gases de efeito estufa, seriam consideradas um “fracasso completo” para a conferência.

Amazônia em Evidência e Contradições

A primeira COP na Amazônia trará uma forte presença de populações indígenas, que há tempos denunciam a grilagem, o desmatamento e a poluição. Toya Manchineri, da Coiab, enfatiza que uma COP bem-sucedida em Belém significaria a inclusão concreta dos direitos indígenas no texto final das negociações.

No entanto, a Belém que recebe a COP também é um ponto estratégico para a indústria petroleira, que busca combustíveis fósseis na bacia marítima da foz do Amazonas. Essa contradição, de avançar em projetos de exploração enquanto se discute a crise climática, é notada por observadores internacionais, como Camila Mercure, da Fundação Ambiente e Recursos Naturais da Argentina.

Apesar dos desafios, a presidência brasileira da COP, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, adotou um estilo mediador e facilitador, que tem sido bem avaliado. Jovens ativistas como Marcele Oliveira, Campeã do Clima da COP30, veem na conferência uma grande mobilização pela justiça climática, buscando mais representatividade para comunidades periféricas, indígenas e quilombolas, e almejando que o Brasil lidere o Sul Global para fora do mapa de risco climático.

Com informações de Metrópoles

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