Ricardo Stuckert / PR

Após nove dias de paralisação, a greve geral de operários da construção civil em Belém (PA) terminou nesta quarta-feira (24/9), após os trabalhadores do setor aceitarem a proposta patronal.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e Mobiliário de Belém (STICMB), a greve afetou 70% das obras da capital, inclusive, projetos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), como a Porto Futuro II e a Vila COP 30, onde é prevista a hospedagem de chefes de Estado.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estavam reajuste salarial maior, melhorias nas condições de trabalho, promoção para mulheres na área e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em duas parcelas de R$ 378.

O setor pedia, inicialmente, 10,25% de reajuste no salário, com oferta para que o valor se estabelecesse em 9,5%. Já a proposta patronal era de reajuste de 5,5% nos salários, 3% na PLR e acréscimo de R$ 10 na cesta básica.

O acordo foi firmado abaixo do esperado pelos trabalhadores, com reajuste de 6,5% no salário. A cesta básica, inicialmente no valor de R$ 110, foi estabelecida em R$ 160 — aumento de 45%, mas ainda menor do que o custo da cesta básica, em R$ 687,30, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A PLR, ficou em R$ 350.

COP30

  • A Conferência das Partes (COP) é a reunião anual da ONU em que quase todos os países negociam ações contra a crise climática. O evento nasceu após a Rio-92, quando ficou claro que os países desenvolvidos eram os maiores responsáveis pelas emissões e deveriam liderar os cortes.
  • Entre os principais mercados relacionados à COP, destaca-se o Protocolo de Kyoto (1997), quando foram definidas as primeiras metas obrigatórias de redução de gases para países ricos.
  • Outro ponto importante foi o Acordo de Paris (2015), no qual os países passaram a apresentar planos nacionais de clima (NDCs), renovados a cada 5 anos, com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
  • Em Belém, a COP30 acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro, com uma cúpula de chefes de Estado e definição de novas metas climáticas.
  • O Pará é governado por Helder Barbalho (MDB), um importante aliado do presidente Lula na Região Norte. O líder paraense tenta se cacifar como uma possível escolha do petista para compor chapa em 2026, sendo a COP uma boa vitrine para essa relação.

O Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Siduscon-PA) informou que seguirá acompanhando o processo de assinatura e implementação da Norma Coletiva.

No total, pelo menos 5 mil trabalhadores se mobilizaram e aderiram à paralisação, iniciada na terça-feira (16/9).

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Estado de Obras Públicas do Pará e com a organização da Conferência a fim de entender o impacto da greve na conclusão das obras. Até o momento, o portal não obteve respostas. O espaço segue aberto para manifestações.

A COP30 está marcada para ocorrer entre 10 e 21 de novembro em Belém. A expectativa é de que a cidade receba 50 mil participantes ao longo das duas semanas.

No início de setembro, as obras de reformas da base aérea de Belém, do mercado Ver-o-Peso, do Mercado de São Brás, além da construção da Vila COP 30, registravam 70% de conclusão.

O governo do Pará também corre contra o tempo para entregar mais de 30 obras para a COP30. Entre elas o Parque da Cidade – sede do evento – viadutos, corredores de BRT, além de canais de macrodrenagem.

O Metrópoles apurou que, há, ainda, ao menos 17 obras em andamento relacionadas a mobilidade, saneamento e outros projetos de infraestrutura. A maioria estão previstas para serem concluídas entre setembro e outubro deste ano, no entanto, obras que devem ir além da COP e acabar sendo entregues somente em 2026 e 2027.

É o caso da ampliação Rua da Marinha, que tem prazo de conclusão previsto para janeiro do ano que vem. A obra prevê a pavimentação, prolongamento e duplicação de 3,5 km da via, aumentando de duas para seis faixas. Atualmente, a conclusão dos trabalhos está em 50%.

A gestão estadual apontou, à época, que todas as obras estavam dentro do cronograma, com algumas em fase conclusiva. Já as obras com prazo estendido não são consideradas essenciais para a realização do evento. Tratam-se de projetos com melhorias permanentes para a cidade e ficarão de legado para a capital.

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