
Os incêndios florestais que devastam a Coreia do Sul dobraram de tamanho na quinta-feira em relação ao dia anterior, enquanto as autoridades classificaram os incêndios como o pior desastre natural do país, com pelo menos 28 pessoas mortas e templos históricos incinerados.
Mais de 380 quilômetros quadrados foram queimados no maior dos incêndios que começaram no condado central de Uiseong, tornando-o o maior incêndio florestal único na história da Coreia do Sul. O recorde anterior era de 240 quilômetros quadrados em um incêndio em março de 2000.
“Estamos em uma situação crítica nacional com inúmeras vítimas por causa da rápida propagação sem precedentes de incêndios florestais”, disse o presidente em exercício Han Duck-soo em uma reunião de resposta do governo.
Os militares liberaram estoques de combustível de aviação para ajudar a manter os helicópteros de combate a incêndios voando para apagar as chamas nas regiões montanhosas do sudeste do país, onde os incêndios já duram quase uma semana.
Mais de 120 helicópteros foram mobilizados em três regiões combatendo os incêndios, disse o ministério da segurança. A Coreia do Sul depende de helicópteros para combater incêndios florestais por causa de seu terreno montanhoso. Um piloto de helicóptero morreu na quarta-feira após cair enquanto tentava combater um incêndio.
Os incêndios florestais que se originaram em Uiseong estão se espalhando rapidamente para o leste, espalhando-se quase até a costa, levados por rajadas de vento e com condições secas agravando a situação.
O incêndio de Uiseong começou a se espalhar rapidamente na quarta-feira (26), atingindo o condado costeiro de Yeongdeok, a cerca de 50 km de distância, em apenas 12 horas, disse Won Myung-soo, diretor de análise de imagens de satélite do serviço florestal nacional.
Na quinta-feira (27) à noite, choveu brevemente em algumas partes da região afetada. A precipitação de cerca de um milímetro foi muito pequena para extinguir o incêndio principal, mas ajudará a contê-lo, disseram autoridades.
Aproximadamente a mesma quantidade de chuva é esperada para algumas áreas na sexta-feira (28).
Especialistas disseram que o incêndio de Uiseong apresentou uma propagação extremamente incomum em termos de escala e velocidade, e que as mudanças climáticas devem tornar os incêndios florestais mais frequentes e mortais em todo o mundo.
Temperaturas mais altas amplificadas pelas mudanças climáticas causadas pelo homem contribuíram para as atuais condições sazonais de seca, “transformando paisagens secas em perigosos combustíveis para incêndios” na região, disse o grupo Climate Central, um órgão independente composto por cientistas e pesquisadores, em um relatório.
Os incêndios florestais deixaram um rastro de devastação em uma área equivalente a cerca de metade de Singapura, destruindo tudo em seu caminho, incluindo templos e casas históricas nas regiões florestais montanhosas da província de Gyeongsang do Norte.
Equipes de bombeiros estão de prontidão para proteger os Patrimônios Mundiais da Unesco, a Vila de Hahoe e a Academia Confucionista Byeongsan, na cidade de Andong, caso um incêndio atinja o riacho que corre ao redor deles.
A pitoresca vila popular tem casas tradicionais coreanas, muitas com telhados de palha, enquanto a academia confucionista remonta a mais de 450 anos.
Os incêndios já danificaram gravemente outros locais históricos, incluindo grande parte do Templo Gounsa em Uiseong, que foi construído em 681.
“Os edifícios e os restos deixados pelos monges budistas ao longo de 1.300 anos agora desapareceram”, disse Deungwoon, chefe do Templo Gounsa.
Com informações de CNN Brasil.