Joilson Souza

Joilson Souza

Na vastidão da Amazônia, onde o céu se funde com a copa das árvores e o rio serpenteia como uma serpente voraz, vive um povo guerreiro. Suas vidas são tecidas entre os ciclos de cheias e vazantes, um bailado do dois prá lá e dois pra cá eterno de dar e receber com a natureza.

Em tempos de enchente, a vida se desdobra em tons de verde e azul. As águas generosas do rio abraçam a terra, trazendo consigo o alimento e a promessa de renovação. As canoas deslizam suavemente, carregando risos e histórias que se misturam ao canto dos pássaros. As crianças brincam nas águas mornas, enquanto os anciãos observam, sábios e serenos, a dança da vida que se renova. As vezes os barrancos levam sonhos de prosperidade.

Mas a beleza da enchente não mascara seus desafios. As águas, por vezes, roubam o chão sob os pés, levando casas e sonhos rio abaixo. O povo amazônico, contudo, não se deixa abater. Eles reconstruem, replantam, recriam. A solidariedade é a argamassa que une a comunidade, forte como as raízes da sumaúma.

Quando o rio se retrai, revelando a terra seca e rachada, o povo amazônico se adapta mais uma vez. A seca traz o calor que pesa sobre a pele e o desafio de encontrar água limpa. Os peixes se escondem, e a caça se torna uma jornada de paciência e astúcia. Mas há beleza também na seca, na simplicidade de uma tarde dourada e no céu estrelado que se estende infinito, um manto de luz sobre a floresta adormecida.

A seca e a enchente são os dois lados da mesma moeda, a dualidade que define a existência neste canto do mundo. Meu povo amazônico vive cada dia com a força dos rios e a gentileza das chuvas. Eles são os verdadeiros guardiões da floresta, os heróis anônimos de uma saga que não conhece fim.

E assim, entre a terra seca e molhada, eles seguem, tecendo a tapeçaria da vida com fios de esperança e resistência, em um lugar onde cada amanhecer é uma aventura, cada anoitecer uma promessa de continuidade. A Amazônia não é apenas um lugar, é um estado de espírito, e seu povo, o coração pulsante de uma terra sem igual.

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