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O Caso do “Paciente de Berlim” e os Desafios para uma Cura em Larga Escala

Você sabia que algumas pessoas possuem uma resistência natural ao vírus HIV? Essa proteção incomum é creditada a uma rara mutação genética no receptor CCR5, conhecida como CCR5-Δ32. Nela, parte do gene é excluída, resultando em proteínas defeituosas que impedem o vírus de entrar nas células. É como se a “porta” de acesso ao organismo estivesse fechada para o HIV, bloqueando a infecção de forma quase total.

Terapias Inspiradas na Natureza e as Limitações do Bloqueio do CCR5

Um dos casos mais emblemáticos dessa resistência é o do “paciente de Berlim”, que tinha HIV e leucemia. Ao realizar um transplante de medula óssea com um doador portador da mutação CCR5-Δ32, suas novas células sanguíneas se tornaram invulneráveis ao HIV. Após o tratamento, o vírus não foi mais detectado, e ele conseguiu suspender os antirretrovirais, tornando-se um dos poucos casos de cura definitiva.

Apesar da inspiração, essa abordagem não é viável em larga escala. O transplante de medula é um procedimento complexo e arriscado, e a mutação CCR5-Δ32 é extremamente rara, presente em apenas cerca de 1% a 2% da população de ascendência europeia em duas cópias (homozigota). No entanto, esses avanços motivaram pesquisas de drogas que bloqueiam o receptor CCR5, como o maraviroque, e até o uso de edição genética com CRISPR-Cas9. Apesar de promissoras, essas estratégias ainda estão em fase de testes e não substituem os tratamentos antivirais atuais, que controlam a infecção com eficácia. Além disso, mesmo com o bloqueio do CCR5, algumas variantes raras do HIV utilizam outro receptor (CXCR4), o que impede a imunidade total contra todas as formas do vírus.

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