O senador Plínio Valério, o prefeito de Manicoré, Lúcio Flávio, e a senadora Damares Alves durante visita ao município para ouvir denúncias e criticar a operação da PF contra o garimpo ilegal no rio Madeira.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, classificou como “caos” a situação vivida nos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas, após a Operação Boiúna da Polícia Federal, que resultou na destruição de 277 dragas usadas na extração ilegal de ouro no rio Madeira. Em diligência realizada ao lado do senador Plínio Valério (PSDB-AM), nesta sexta-feira (26), a parlamentar criticou duramente os métodos adotados pela PF e disse que a dignidade da população foi “ofendida”.

Segundo Damares, a operação teria sido executada sem sensibilidade, justamente no dia em que Manicoré celebrava sua padroeira, Nossa Senhora das Dores. “A dignidade da cidade foi ofendida quando se passou uma mensagem para o Brasil inteiro de que só havia bandidos ali. Temos um povo de bem, trabalhador, que estava muito triste com essa situação”, declarou.

Denúncias e impactos sociais

Durante a diligência, os parlamentares ouviram prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias, conselhos tutelares e moradores que relataram supostas violações de direitos humanos contra trabalhadores, idosos e crianças. Entre os impactos apontados, estão a interrupção das aulas, a retração da economia local e problemas ambientais gerados pela destruição das embarcações, como fumaça, derramamento de combustível e metais pesados nos rios.

Damares afirmou que todas as denúncias serão registradas em relatório a ser encaminhado ao Senado.

Plínio defende regulamentação

Autor do requerimento que viabilizou a diligência, o senador Plínio Valério classificou a operação como uma “atrocidade” e disse que pretende levar o caso a organismos internacionais. Para ele, a solução definitiva passa pela regulamentação do extrativismo mineral familiar, prevista na Constituição.

“Tudo isso só vai parar quando legalizar. Foram lá e explodiram [os flutuantes], mas já estão tirando do fundo e vão fazer de novo. Pedimos que não desistam, pois estamos do lado deles”, afirmou.

O parlamentar ainda acusou organizações ambientais, como o Greenpeace, de influenciarem nas decisões do Ministério Público e do Judiciário, o que, segundo ele, configuraria um atentado à soberania brasileira. “Esses órgãos ditam as regras e não enxergam os milhões de amazônidas como gente, que tem direito a comer e sobreviver”, concluiu.

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