
Reportagem publicada nesta sexta-feira, 31, pela CNN e assinada por Vinícius Murad, detalha os primeiros passos para criar Manaus criar a Bolsa de Créditos de Carbono da Amazônia – projeto inédito no Brasil que pretende transformar a capital amazonense em um hub climático do Hemisfério Sul.
De acordo com a reportagem, a iniciativa conta com o apoio do Banco Mundial e tem meta de captar US$ 500 milhões até 2028.
Em entrevista concedida ao site, o prefeito David Almeida declarou que o projeto busca monetizar o potencial ambiental da cidade, que é uma das capitais com maior área preservada do país.
“Em parceria com o Banco Mundial, nós estamos buscando fazer a verificação desses créditos para poder fazer posteriormente a monetização. […] A nossa capacidade, na verdade, é até 2028 chegarmos a 500 milhões de dólares, dada a quantidade de área preservada e de ações que nós estamos fazendo”, disse em entrevista exclusiva à CNN.
David Almeida destacou, ainda, o uso de tecnologia de drones avançados para o monitoramento de queimadas na cidade. “Esse ano praticamente zerou o número de queimadas em Manaus, bem diferente daquilo que a gente via em anos anteriores”, afirmou o prefeito.
A proposta integra o Plano Municipal de Bioeconomia, previsto para ser lançado em 2026, e deve reunir iniciativas de reflorestamento, saneamento, reciclagem, eficiência energética e mobilidade de baixo carbono. A ideia é conectar projetos amazônicos com o mercado internacional de créditos verdes.
Para o pesquisador Danilo Egle, especialista em sustentabilidade e consultor da Nature Finance, o movimento tem potencial de reposicionar a Amazônia na agenda global. “A ideia de um hub climático na região amazônica ajuda a gente a reposicionar a região para o mundo. […] Com isso, a gente pode transformar Manaus numa cidade que é referência de governança climática no mundo”, afirmou.
Além de atrair investimentos, a prefeitura aposta em tecnologia para monitorar a floresta e o clima urbano.
O projeto também tem uma vertente social, com regularização de terras e incentivo à bioeconomia local.
“Nós estamos titulando as terras na cidade de Manaus. […] Com isso, você faz a justiça social através dessa titulação e coloca a Amazônia dentro da economia verde”, disse Almeida.
Para especialistas, o desafio será garantir transparência e governança pública sobre o destino dos recursos. “É fundamental que tenha uma base ética e uma base técnica por parte da governança pública. […] Se a gente não tiver transparência dos recursos onde são aplicados, todo esse trabalho pode cair por terra”, afirmou Danilo Egle.
Ele destaca que o sucesso da iniciativa depende da combinação entre ciência e saber tradicional. “Se a gente aliar o conhecimento técnico e científico ao saber tradicional dos povos da região, a gente tem condição de transformar todos esses ativos da Amazônia em algo realmente útil e conquistar uma autonomia econômica melhor.”
Com apoio internacional e o avanço da regulamentação do mercado de carbono no Brasil, Manaus tenta provar que quem preserva pode prosperar — e que a floresta em pé pode ser a base de uma nova economia verde na Amazônia.










