Em análise nesta sexta-feira (25), o jornalista Pedro Venceslau, da CNN Brasil, trouxe à tona a perspectiva do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre as eleições municipais em Manaus, a serem realizadas neste domingo, 27 de outubro. Para o PT, segundo o analista, o pior cenário seria a vitória do candidato Capitão Alberto Neto (PL), considerado um bolsonarista “raiz” e defensor de uma pauta que fortalece as bases de direita no Amazonas.

No entanto, o atual prefeito e candidato à reeleição David Almeida (Avante) surge como uma alternativa menos adversa para o partido, mesmo sendo ele um apoiador de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. Almeida conta com o apoio dos senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), que atualmente integram a base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, a candidatura do prefeito ganha relevância para o PT, que vê nele um possível aliado indireto em futuras articulações políticas regionais.

Segundo Venceslau, dirigentes petistas avaliam que a reeleição de David Almeida abriria espaço para uma aliança estratégica entre o partido e as figuras de destaque no Amazonas, como Omar Aziz e Eduardo Braga. Para o pleito estadual de 2026, o PT considera a possibilidade de apoiar Aziz para o governo do estado, enquanto Eduardo Braga seria um candidato ao Senado. Em troca, o PT negociaria uma segunda vaga ao Senado para um nome de sua base, como Marcelo Ramos, que concorreu à prefeitura de Manaus e obteve mais de 66 mil votos válidos, ocupando o quinto lugar.

“Ainda que o PT não vá declarar apoio formal ao candidato do Avante, considerando que ambos os candidatos são de direita, a sigla está mobilizando silenciosamente suas bases em Manaus para favorecer o atual prefeito”, destacou Venceslau. Segundo o analista, uma vitória de Almeida facilitaria a aproximação com as lideranças locais que dialogam com o governo federal, afastando Manaus da linha de influência bolsonarista.

Além disso, o analista observa que a possível candidatura de Omar Aziz ao governo do estado criaria um “palanque sólido” para o presidente Lula em Manaus, caso ele busque a reeleição em 2026. Tal estratégia reforça o pragmatismo do PT, que, reconhecendo limitações nas candidaturas de esquerda em algumas regiões, pretende apoiar políticos de centro e até de direita. Essa manobra visa, sobretudo, evitar o crescimento de figuras bolsonaristas em áreas onde o partido possui pouca presença.

Venceslau conclui que Lula está “construindo um arcabouço político pragmático” que fortalece sua base para uma possível reeleição. Esse quadro demonstra o esforço do partido em estruturar alianças locais que possam contribuir para a expansão da influência do PT em regiões tradicionalmente distantes do espectro ideológico de sua base histórica.

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