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São Paulo — Morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8/11), o empresário Vinícius Gritzbach, 38 anos, havia feito acordo de delação premiada com o Ministério Público estadual (MPSP) no qual tinha acusado policiais de quatro delegacias da Polícia Civil paulista de corrupção, além de entregar o esquema de lavagem de dinheiro que operou para integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O acordo foi celebrado em março deste ano com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), após meses de negociação, e homologado em abril pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da capital. Nele, Gritzbach (foto em destaque) se comprometeu a pagar multa de R$ 15 milhões em troca do perdão judicial na ação por organização criminosa, redução de pena nos crimes de lavagem e regime aberto em caso de condenação.

Segundo o acordo de delação, obtido pelo Metrópoles, o empresário se comprometeu a passar informações sobre a lavagem de dinheiro dos integrantes do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, Cláudio Marcos de Almeida, Django, ambos mortos, e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, além de informações referentes a atos de corrupção envolvendo delegados e policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do 24º DP (Ponte Rasa) e do 30º DP (Tatuapé), na zona leste.

Em um dos anexos da proposta de colaboração apresentada pela defesa de Gritzbach ao MPSP, no fim de 2023, o empresário afirma obter áudios que “comprovam ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros”, todos do DHPP à época. A equipe de Baena conduziu a investigação dos assassinatos de Anselmo Santa Fausta e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, em 2021. Gritzbach foi denunciado por envolvimento nas duas mortes e sempre negou os crimes.

Cara Preta era membro do alto escalão do PCC e, sobre ele, recaía a suspeita de manter movimentações de até R$ 200 milhões. Investigadores atribuem a morte dele a Gritzbach em razão de um desentendimento entre os dois. Segundo o MPSP, o empresário teria mandado matar o traficante após ser cobrado por uma dívida em um investimento em bitcoins. Quando foi preso e antes de fazer delação premiada, em 2022, Gritzbach afirmou ter conhecido Django e Cara Preta como bicheiros e agentes de atletas de futebol.

Nessa segunda-feira (11/11), o secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Guilherme Derrite, afirmou que o MPSP compartilhou, em outubro, trechos da delação de Gritzbach em que ele cita uma série de policiais civis que teriam participado de crimes, sem mencionar nomes. A partir disso, um procedimento foi instaurado na Corregedoria da Polícia Civil. Gritzbach foi o primeiro a ser ouvido, em 31 de outubro, oito dias antes de ser executado a tiros no Aeroporto de Guarulhos, quando voltava de uma viagem a Maceió com a namorada.

“A primeira atitude da Corregedoria da Polícia Civil foi ouvir o Vinícius para que ele pudesse apontar ali os nomes e quais práticas delituosas e quais desvios de conduta esses policiais civis teriam cometido”, disse Derrite. O secretário não soube informar se os policiais delatados já teriam sido afastados. O Metrópoles não conseguiu localizar, na noite dessa segunda-feira, os citados na delação premiada de Gritzbach. O espaço segue aberto para manifestações.

Execução

Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (8/11), voltando de uma viagem a Maceió com a namorada. Homens encapuzados desceram de um carro na área de embarque e desembarque e começaram a atirar. Foram 29 disparos, segundo a polícia. Além do empresário, o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais morreu.

Quatro policiais militares eram responsáveis pela segurança de Gritzbach no momento do ataque. Todos estão afastados e são investigados por suspeita de envolvimento no crime. Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, instantes antes do ataque ao empresário, pararam em um posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada do empresário.

Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma das caminhonetes em que estavam não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido até o local, acompanhado do filho de Gritzbach. Um outro PM acompanhou o empresário na viagem a Alagoas e disse à polícia nessa segunda-feira não ter percebido qualquer movimento suspeito no aeroporto, segundo seu defensor. “Nós só queremos descobrir a verdade e achar os verdadeiros culpados dessa situação”, afirmou o advogado Guilherme Flauzino. Com informações de Metrópoles.

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