
O empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia trouxe à tona uma história que pode ter deixado muita gente de cabelo em pé por aí. Na sexta-feira (2), em entrevista ao portal Brasil 247, o delator contou que desembargadores do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4-RS) foram chantageados depois de participarem de uma “festa da cueca” com garotas de programa num hotel em Curitiba.
De acordo com o relato de Tony Garcia, em novembro de 2003, o advogado Roberto Bertholdo mandou buscar, de avião fretado, desembargadores do TRF-4. Eles foram levados ao estádio Pinheirão, onde assistiram um jogo da seleção brasileira contra o Uruguai.
Depois, foram para um hotel de Curitiba, onde por lá participaram de uma “festa da cueca”. O detalhe é que essa festa teria sido gravada e, com o vídeo em mãos, Sérgio Moro teria conseguido poder no TRF4.
“Teve até uma festa que chamaram de “festa da cueca”, que foi feita no hotel Bourbon em Curitiba, na suíte presidencial, onde o Bertholdo fretou dois jatinhos para trazer desembargadores do TRF-4, levou num jogo da seleção brasileira que ia ter no Pinheirão e depois do jogo teve essa festa da cueca, que o Bertholdo foi lá comigo, com a mulher dele na época e o Sérgio e o sócio dele na suíte presidencial. Tinha um monte de desembargador lá, um monte de mulheres que umas prostitutas mandaram para o hotel, e fizeram a festa da cueca. Ele gravou essa festa”. Disse Tony Garcia.
Quando questionado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, do 247, sobre onde estaria esse vídeo e quem teria essas imagens, Tony foi enfático em dizer: Sérgio Moro.
“Quem tem isso daí, nessa fita que eles pegaram, o Sérgio, o sócio dele gravava os desembargadores, gravava essas coisas, na gravata dele ele tinha um prendedor que tinha uma câmera escondida. Ele tinha no escritório do Bertholdo um relógio que tinha as horas do mundo inteiro e naquilo lá ele botou câmera que instalaram e ele pegava os desembargadores que segundo o Sérgio Moro iam lá receber dinheiro. Isso nunca apareceu em lugar nenhum”. Completou Tony Garcia.
Tony Garcia disse que teria indicado onde estaria guardado o suposto vídeo e pensou que, assim, estaria livre de Sérgio Moro, que teria lhe contado que o vídeo foi apreendido, sem dar detalhes sobre o que foi feito com as imagens.
Ele disse inclusive que teria se tornado “agente infiltrado” de Moro em 2004, após assinar acordo de delação premiada, e que cometeu várias ilegalidades a mando do então juiz, que é acusado por ele de chantagear autoridades.
A entrevista completa de Tony Garcia ao Brasil 247 tem mais de três horas de duração. O vídeo foi disponibilizado no canal do YouTube do portal.
Depoimento sigiloso
À Veja, também na sexta-feira, Tony Garcia revelou que teria prestado depoimento à juíza Gabriela Hardt, em 2021, e que o caso ficou parado na 13ª Vara Federal de Curitiba até que foi mandado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo juiz Eduardo Appio, hoje afastado do cargo.
Há algumas semanas, Antônio Figueiredo Basto, o advogado de Tony Garcia, teria relatado o fato ao juiz Eduardo Appio, antes de ser afastado pelo TRF-4, mas não há registro de que o vídeo tenha sido encontrado nos arquivos da 13ª Vara.
Procurado pela Veja, Moro negou as acusações de Tony Garcia.
“Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. A pedido do Ministério Público e com supervisão da Polícia Federal, resolveu colaborar com a Justiça em investigação de esquemas de tráfico de influência e corrupção, ocasião na qual foi autorizado a gravar seus cúmplices. Este tipo de diligência é autorizada pela lei. Nunca houve qualquer escuta clandestina de conhecimento do senador, à época juiz, Sergio Moro”. Com informações do portal Banda B.










