
As investigações sobre a morte de Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, ocorrida entre sábado (23) e a madrugada de domingo (24), no Hospital Santa Júlia, em Manaus, continuam em andamento. Nesta sexta-feira (28), o delegado do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Marcelo Martins, afirmou que o menino sofreu uma overdose de adrenalina e destacou que a conduta da médica no atendimento demonstrou indiferença com a vida da vítima.
A médica e a técnica de enfermagem responsáveis pelo atendimento prestaram depoimento nesta sexta-feira (28). O delegado chegou a solicitar a prisão preventiva da médica, mas a Justiça do Amazonas decidiu, por meio de um habeas corpus preventivo, que ela responderá às investigações em liberdade.
Caso é apurado como homicídio doloso qualificado pela crueldade
Segundo o delegado Marcelo Martins, a investigação aponta para homicídio doloso qualificado pela crueldade.

“No meu entendimento até agora, é homicídio doloso qualificado pela crueldade. Já colhemos vários depoimentos, diversos documentos e esclarecemos boa parte do que ocorreu. A Justiça concedeu habeas corpus e determinou que ela não pode ser presa, mas vamos continuar com as diligências”, afirmou.
O delegado também ressaltou que houve indiferença da médica no atendimento ao menino.
“A polícia acredita que houve indiferença com relação à vida da vítima. Uma testemunha presencial relatou que a técnica chamou a médica quando a criança começou a passar mal, e a médica não queria nem levantar da mesa. Depois de insistência, ela foi até o menino, mas sem demonstrar urgência. Para mim, ela demonstrou ali indiferença com a vida da vítima”, completou.
Por que o delegado pediu a prisão da médica
O delegado explicou que solicitou a prisão para evitar que a profissional continue atendendo e coloque outras vidas em risco.
“Se ela não verificou essa prescrição que gerou a morte da criança, quem garante que não vai acontecer de novo? Minha responsabilidade é proteger a sociedade”, disse Martins.
Pai relata doses de adrenalina intravenosa
O pai de Benício, Bruno Freitas, contou que levou o filho ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Segundo ele, a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, de 3 ml a cada 30 minutos.
Bruno afirmou que a mãe do menino questionou a técnica sobre a via intravenosa, pois Benício sempre recebeu adrenalina por nebulização. A técnica, identificada como Rayssa, respondeu que também nunca havia aplicado adrenalina por via intravenosa, mas que cumpriria a prescrição médica.
Após a primeira aplicação, o menino começou a passar mal e foi encaminhado à sala vermelha, onde a situação se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e Benício foi transferido para um leito de UTI.
Na UTI, o quadro piorou ainda mais: o garoto foi intubado, sofreu paradas cardíacas e ficou instável até morrer às 2h55 do domingo (23).
Hospital e CREMAM se manifestam
O Hospital Santa Júlia confirmou o afastamento da médica e da técnica de enfermagem.
O CREMAM informou que abriu procedimento para investigar o caso.










