
Uma das maiores e mais raras apreensões de drogas já realizadas no Amazonas foi feita na tarde de sexta-feira (17) pelo Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc). Durante a operação, os policiais localizaram 34 quilos de “cocaína negra”, uma variação quimicamente modificada da droga, camuflada em móveis com fundo falso dentro de uma mansão de luxo na avenida Coronel Teixeira, bairro Ponta Negra, zona Oeste de Manaus.
Além dessa substância, os agentes também apreenderam 16 quilos de cocaína branca, totalizando 50 quilos de entorpecentes, avaliados em cerca de R$ 19,5 milhões.
Camuflada como carvão e açaí em pó
De acordo com o delegado Rodrigo Torres, diretor do Denarc, a cocaína negra é uma das formas mais sofisticadas de disfarce químico utilizadas por organizações criminosas para burlar a fiscalização em portos, aeroportos e rodovias.
“É uma droga que passa por um processo químico para parecer carvão, açaí em pó ou outro pó escuro, justamente para enganar os equipamentos de raios-X e cães farejadores”, explicou o delegado.
O material apreendido foi submetido a exame pericial, que confirmou se tratar de cocaína pura misturada a compostos escurecidos, mantendo alto teor entorpecente.
Destino: Austrália
Segundo as investigações, os 34 quilos da cocaína negra e os 16 de cocaína branca seriam enviados para a Austrália, onde o valor de revenda pode ultrapassar R$ 500 mil por quilo.
Os investigadores encontraram cadernos com anotações que detalhavam o plano de envio da droga — os móveis com fundo falso seriam despachados ao exterior com custo de US$ 1,5 mil por envio, e o lucro estimado no país de destino chegaria a R$ 3 milhões.
A mansão onde o entorpecente foi encontrado pertence a uma empresária peruana, natural de Iquitos, conhecida no meio social de Manaus. Ela não estava na residência no momento da ação e é considerada suspeita de chefiar o esquema de exportação.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, o Denarc prendeu em flagrante o casal de caseiros, identificado como German Alonso Pires Roseigues (51) e Jeimy Farias Batalha (45), que guardavam o material ilícito.
“Há mais de duas semanas vínhamos monitorando o imóvel. Observamos movimentação típica de tráfico e, com mandado judicial, conseguimos localizar a droga escondida em quadros e cadeiras com fundo falso”, afirmou Rodrigo Torres.
Operação de alto padrão
Os 34 quilos de cocaína negra estavam ocultos em obras de arte e mobiliário de alto valor, demonstrando o nível de sofisticação da quadrilha. Já os 16 quilos de cocaína branca foram localizados em um depósito fora da casa.
A polícia acredita que a residência funcionava como ponto de armazenamento e distribuição de drogas refinadas destinadas a rotas internacionais.
Prisão e continuidade das investigações
O casal foi autuado em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
O Denarc informou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos e desarticular o núcleo financeiro do grupo, que opera na lavagem de dinheiro e envio de drogas de alto valor a partir do Amazonas.
“Essa apreensão é um golpe duro contra o tráfico internacional e demonstra a capacidade técnica e investigativa da Polícia Civil do Amazonas”, destacou o delegado Rodrigo Torres.










