
O Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos enfrenta um prazo crucial: até esta sexta-feira (19/12), deve divulgar a maior parte dos arquivos relacionados ao criminoso sexual Jeffrey Epstein. Essa exigência decorre da Lei de Transparência dos Arquivos Epstein, sancionada pelo presidente Donald Trump em novembro. A legislação foi um passo importante, especialmente após Trump anunciar em 16 de novembro de 2025 seu apoio a um voto no Congresso que poderia levar à liberação desses documentos.
A lei, aprovada no Congresso, determina a liberação de registros, e-mails, transcrições, comunicações e outros materiais de investigação não classificados. As únicas exceções são para informações que possam prejudicar investigações em andamento, comprometer a segurança nacional ou expor dados sensíveis de vítimas.
Desde a sanção da lei, o governo Trump tem mantido silêncio sobre o andamento da divulgação, gerando preocupação. No início de dezembro, parlamentares bipartidários solicitaram um relatório de progresso à procuradora-geral Pam Bondi, mas o pedido não foi atendido. Dois senadores democratas chegaram a ameaçar bloquear nomeações civis caso o Departamento de Justiça descumpra a lei, temendo que o governo esteja se preparando para ignorar a legislação aprovada. O caso Epstein, que resurfaced após a liberação de grandes volumes de documentos por Democratas e Republicanos, é de grande interesse público.
Segundo o deputado Ro Khanna, democrata da Califórnia e coautor da lei, os arquivos têm o potencial de revelar a extensão das atividades criminosas de Epstein, suas ligações com figuras poderosas — incluindo o próprio Trump, o ex-príncipe Andrew e outras personalidades — e como o bilionário conseguiu escapar da justiça por décadas.
Histórico do Caso Epstein e Liberações Anteriores
Jeffrey Epstein, um financista bilionário, foi condenado em 2008 por acusações de prostituição em nível estadual, após um acordo secreto que o poupou de acusações federais, apesar de evidências de abuso sexual contra várias adolescentes. Em 2019, foi novamente preso por crimes federais de tráfico sexual e morreu na prisão, em Nova York, em circunstâncias oficialmente classificadas como suicídio. Sua ex-namorada Ghislaine Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão por conspiração para tráfico sexual de menores.
Ao longo de 2025, diversos documentos já foram liberados em etapas:
- Fevereiro: Pam Bondi anunciou a liberação inicial de cerca de 200 páginas de registros, incluindo contatos e nomes de vítimas.
- Julho: O Wall Street Journal publicou uma suposta carta de Trump a Epstein e acusou o DOJ de não possuir uma lista de clientes do financista.
- Agosto e Setembro: Transcrições de entrevistas com Maxwell e mais de 33 mil páginas de documentos de investigações anteriores foram tornadas públicas pelo Congresso.
- Novembro e Dezembro: Novos lotes de e-mails e fotos foram divulgados pelo Comitê de Supervisão da Câmara, incluindo imagens de passaportes, documentos de identidade e fotos de Epstein com figuras públicas como Bill Gates e Noam Chomsky. Mensagens entre os documentos já tornados públicos citam Trump de maneira crítica e fazem referência a figuras políticas brasileiras como Lula e Jair Bolsonaro, embora não haja evidências de envolvimento direto desses líderes com Epstein. Vale ressaltar que a liberação de antigos e-mails de Epstein sugere que Donald Trump estava ciente das práticas criminosas de Epstein.
Expectativas e Possíveis Cenários para a Divulgação
Apesar do prazo legal, parlamentares expressam dúvidas sobre o cumprimento integral da lei. O DOJ pode:
- Liberar os arquivos com poucas edições.
- Publicar os documentos com cortes significativos, alegando proteção às vítimas.
- Alegar que uma investigação em andamento impede a divulgação completa.
- Gerar vazamentos internos ou atrasos, com impacto político.
Caso os arquivos não sejam divulgados até esta sexta-feira, o deputado Khanna alerta que os funcionários do DOJ estarão infringindo a lei e poderão enfrentar processos judiciais, além de possível responsabilização perante o Congresso. O advogado Jay Clayton, responsável pelo distrito que processou Epstein e Maxwell, afirmou que os registros do caso estariam prontos para divulgação, mas ressaltou respeito às decisões judiciais.
A aprovação da lei e a iminente divulgação dos arquivos colocam Trump e seus aliados sob pressão. Pesquisas indicam que 74% dos adultos norte-americanos desaprovam a condução do tema pelo presidente antes mesmo da nova leva de documentos. A divulgação já provocou renúncias e questionamentos sobre nomes ligados ao caso, evidenciando fissuras no Partido Republicano, com membros cobrando transparência total enquanto outros tentam proteger o presidente. A Câmara dos Representantes, por sua vez, analisará a partir de terça-feira, 18 de novembro de 2025, um projeto de lei que poderá exigir a divulgação completa dos arquivos Epstein.
Com informações de Metrópoles







