Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, morreu no Hospital Santa Júlia, em Manaus (Foto> Reprodução do Instagram)

A Assembleia Legislativa do Amazonas passou a discutir um novo marco de segurança na área da saúde após a deputada Débora Menezes (PL) apresentar, no dia 27 de novembro, o Projeto de Lei “Benício Xavier”. A proposta cria um protocolo obrigatório para padronizar a administração de medicamentos em hospitais públicos e privados, visando impedir falhas como as que antecederam a morte do menino Benício, de 6 anos, que recebeu adrenalina intravenosa sem a devida verificação, segundo a família.

O texto surge como resposta à pressão social por mudanças e à mobilização de profissionais, pais e entidades que exigem ações concretas após o caso ganhar grande repercussão. Débora Menezes, que atua na proteção da infância e da família dentro da ALE-AM, afirmou que o Estado precisava agir rapidamente para evitar que incidentes semelhantes voltem a ocorrer.

“Quando o essencial falha, a consequência recai sobre a família. Precisamos de regras claras para impedir que tragédias sejam repetidas”, destacou a deputada.

O que prevê o Protocolo “Benício Xavier”

Construído com apoio jurídico e técnico, o projeto define critérios mínimos que todas as unidades de saúde do Amazonas deverão cumprir. Entre as principais obrigações estão:

  • Dupla checagem da identidade do paciente;
  • Conferência cruzada entre prescrição e medicamento;
  • Registro imediato de cada aplicação;
  • Treinamento contínuo das equipes de enfermagem e medicina;
  • Mecanismos de fiscalização e punições graduais.

As penalidades poderão incluir advertência, multa e até suspensão das atividades de unidades que descumprirem o protocolo. Os estabelecimentos terão 180 dias para se adequar às novas exigências caso o projeto seja aprovado.

Fiscalização reforçada

Além da proposta legislativa, Débora Menezes enviou requerimentos para que órgãos de controle intensifiquem a fiscalização:

  • Coren-AM → verificação rigorosa da dupla checagem e práticas de enfermagem;
  • CRM-AM → auditoria sobre condutas médicas e prescrições;
  • SES-AM → revisão completa dos fluxos da rede estadual e adoção de medidas preventivas.

Segundo a parlamentar, as ações paralelas fortalecem o impacto do PL e ajudam a garantir que o protocolo, quando instituído, não fique apenas no papel.

Apoio à família e importância da escuta

A Procuradoria da Criança e do Adolescente, presidida por Débora, iniciou o acompanhamento dos pais de Benício, oferecendo suporte jurídico e psicossocial. A deputada afirma que ouvir a experiência da família é fundamental para que o Estado desenvolva políticas públicas mais seguras e eficientes.

O caso que motivou o projeto

Benício Xavier foi atendido no Hospital Santa Júlia após apresentar tosse seca e suspeita de laringite. A médica responsável prescreveu três doses de adrenalina intravenosa, mesmo com os pais afirmando que o menino jamais havia recebido o medicamento por via venosa. A primeira dose foi aplicada pela técnica de enfermagem. Ele teve uma reação grave e morreu pouco depois.

Laudo e investigação conduzida pelo delegado Marcelo Martins concluíram que a morte foi causada por overdose de adrenalina. O caso é investigado como homicídio doloso qualificado pela crueldade, e todos os profissionais envolvidos já foram ouvidos.

O Projeto de Lei “Benício Xavier” segue agora para análise nas comissões da Assembleia Legislativa.

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