O aumento de testes positivos para a Covid-19 no Brasil e a confirmação da entrada da subvariante Ômicron BQ.1 acenderam o alerta para a possibilidade de uma nova onda da doença no país.

Com alguns municípios brasileiros oferecendo a quinta dose da vacina (ou terceiro reforço), surgiu de novo o questionamento: vale a pena tomar mais uma dose dos imunizantes de primeira geração ou aguardar pela chegada de versões atualizadas contra a variante Ômicron?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia dois pedidos de uso emergencial de vacinas atualizadas da Pfizer/BioNTech. Os processos estão em análise final pela área técnica, etapa anterior à decisão dos diretores da agência reguladora.

Enquanto isso, os postos de saúde continuam a oferecer os imunizantes da primeira geração, desenvolvidos com a cepa original do coronavírus, encontrada em Wuhan em dezembro de 2019.

A diretora do departamento de imunizações, vacinas e biológicos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Katherine O’Brien, lembrou na quarta-feira (9/11) que, embora as novas variantes tenham adquirido mutações que garantem maior escape da resposta imunológica, as vacinas atuais continuam funcionando bem para evitar mortes e quadros severos de Covid.

“As pessoas elegíveis para um reforço devem fazê-lo assim que possível”, afirmou Katherine, em coletiva de imprensa da OMS.

A orientação para a realização do reforço se dirige principalmente às pessoas mais vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e gestantes. Para esses grupos, a redução dos níveis de proteção contra o vírus se mostrou mais acentuada quarto meses depois da última dose aplicada.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, sugere que, além das vacinas, os grupos mais vulneráveis busquem tratamentos com anticorpos monoclonais caso sejam infectados. “É uma população que continua sendo de alto risco”, afirma.

E os mais jovens?

Estudos publicados até agora não comprovam a necessidade de pessoas jovens e saudáveis tomarem a segunda ou terceira dose de reforço. “Não há nenhuma evidência de perda de proteção para os mais jovens. Os dados ainda não apontam o aumento de mortes entre menores de 40 anos com as duas doses e o primeiro reforço”, afirma Kfouri.

O Plano Nacional de Imunização (PNI), elaborado pelo Ministério da Saúde, não contempla a quinta dose da vacina (ou terceiro reforço) para a população geral, apenas para os imunossuprimidos. A quarta dose é indicada para pessoas com 40 anos ou mais e trabalhadores de saúde.

“A Câmara Técnica Assessora em Imunizações mantém as discussões referentes às alterações e ampliações do esquema vacinal para novos grupos, de acordo com as evidências científicas e o cenário epidemiológico, que são acompanhados diariamente pela pasta”, informou o Ministério da Saúde em nota.

Atualmente, 85,75% da população brasileira elegível para vacinação contra Covid-19 está totalmente imunizada com as duas doses ou dose única; 58,56% recebeu doses de reforço, nível considerado baixo por médicos infectologistas que se preocupam com o cenário que a variante BQ.1 vai encontrar.

(Metrópoles)

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